Brasil, 23 de junho de 2025
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Reconhecer a dor: Igreja destaca necessidade de escuta profunda para vítimas de abuso

Vítimas de abuso na Igreja precisam de um processo de acolhimento e acompanhamento, aponta o secretário da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores

O bispo auxiliar de Bogotá, Luis Manuel Alí Herrera, secretário da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, afirmou que, em vez de ações pontuais, vítimas de abuso dentro da Igreja demandam “um processo profundo que ouça, acolha e acompanhe”.

A importância de uma escuta integral às vítimas

Alí Herrera explicou que o dano causado a essas pessoas é “desastreso”, afetando “a imagem de Deus, a relação com a Igreja, relacionamentos interpessoais e a própria identidade”. Segundo o prelado, “uma vítima vê seus planos de vida e sua capacidade de se reerguer prejudicados”, destacou em uma entrevista à EWTN Notícias.

Ele ressaltou que o trabalho do Vaticano, com integrantes que também são sobreviventes, é centrado na escuta dessas pessoas. “Temos vítimas na comissão pontifícia; elas fazem parte dela como membros. A voz delas é fundamental para compreender como falar com todas as vítimas e também para orientar nossas ações de prevenção”, afirmou.

Transformação através do testemunho

Desde a criação da comissão em 2014, liderada por Cardeal Seán O’Malley, o mecanismo tem sido um instrumento prático no combate ao abuso sexual e na promoção de uma cultura de prevenção na Igreja.

Alí Herrera revelou que sua perspectiva pastoral mudou após ouvir o testemunho de uma vítima. “Eu havia lido, estudado e analizado. Mas é completamente diferente enfrentar a dor, as lágrimas e o desespero de alguém profundamente ferido. Isso me transformou”, compartilhou.

Formação emocional e impacto na vocação sacerdotal

Para o secretário da comissão, a prevenção começa com uma formação psicoafetiva adequada desde o início do seminário. “A formação afetiva, comunitária e sexual deve estar presente desde a preparo até o final da formação teológica. Deve ser contínua, ampla e relacionada à esfera emocional e aos relacionamentos interpessoais”, explicou.

Sobre o impacto da crise de abuso na vocação sacerdotal, Alí reconheceu que há efeitos dolorosos, mas também positivos. “Muitos recuam ao ver notícias de casos, mas isso nos obriga a repensar a pastoral vocacional, reconhecendo que o padre é, antes de tudo, um ser humano, com feridas, crises e emoções que precisa aprender a integrar”, afirmou.

Decisões acerca do artista Rupnik e o cuidado com a arte

Sobre as decisões, como a tomada pelo santuário de Lourdes de cobrir os murais do artista e ex-frei jesuíta Marko Rupnik, acusado de abuso sexual, Alí enfatizou a necessidade de agir com discernimento e empatia. “A arte pode curar, mas também pode retraumatizar. Não se trata de condenar de antemão, mas de colocar-se no lugar das vítimas, sem ações que possam agravar sua dor”, observou.

Concluiu fazendo um apelo à Igreja: “A verdadeira reparação começa quando quem sofre é verdadeiramente ouvido. Essa escuta, essa proximidade, é o primeiro passo para restaurar a imagem de Deus em cada vítima”.

Esta matéria foi publicada originalmente pela ACI Prensa, parceiro de notícias em espanhol da CNA. Foi traduzida e adaptada pela CNA.

(Continua após)

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