Entre os dias 16 e 18 de junho de 2025, Fátima foi palco das Jornadas Pastorais do Episcopado português, um evento que une representantes de diversas dioceses, movimentos religiosos e instituições seculares, todos em busca de um aprofundamento no tema da sinodalidade. O encontro, promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), teve como foco principal “O processo sinodal nas dioceses e na Conferência Episcopal Portuguesa” e resultou em um amplo espaço para escuta, partilha e reflexão.
Um momento de escuta e discernimento
De acordo com a CEP, as Jornadas Pastorais se destacaram como um verdadeiro exercício de sinodalidade, onde cada participante, a partir do seu batismo, foi instado a contribuir para a construção de uma Igreja que caminha unida. Com essa abordagem, o evento visou não apenas traçar um balanço das atividades, mas sim estimular uma cultura de escuta e diálogo na comunidade eclesial.
A implementação do processo sinodal nas dioceses foi um dos temas centrais debatidos. Durante o encontro, os representantes puderam partilhar suas experiências, desafios e conquistas, evidenciando que todas as dioceses estão comprometidas com este caminho de conversão pastoral, mesmo que cada uma o faça em ritmos e metodologias distintas. A CEP ressaltou a prática da “conversação no Espírito” que, segundo os participantes, tem gerado frutos significativos em termos de escuta e discernimento conjunto.
Entretanto, as Jornadas também trouxeram à tona algumas dificuldades enfrentadas para a real implementação da sinodalidade, como resistências culturais, falta de tempo e recursos, além de problemas de comunicação e cansaço institucional. A necessidade de maior envolvimento dos jovens nos processos sinodais e nas estruturas de governo pastoral também foi enfatizada como uma prioridade.
Construindo a Igreja em comunhão
Durante as Jornadas, enfatizou-se ainda a importância de fomentar “redes interdiocesanas” que permitam uma colaboração mais eficaz e a partilha de boas práticas entre as dioceses. Uma iniciativa que pode auxiliar na construção conjunta de projetos pastorais enraizados em uma visão sinodal. Ao final do encontro, a CEP reiterou que a sinodalidade “está viva em Portugal, em processo e em construção”, promovendo a ideia de que todos estão aprendendo a caminhar juntos.
Essa ênfase na importância da sinodalidade ecoou também nas reflexões apresentadas por vários participantes, que afirmaram que a verdade da sinodalidade se concretiza por meio de atos de escuta, participação e decisões compartilhadas. Existe um consenso de que só assim a Igreja poderá se adaptar aos desafios contemporâneos, mantendo-se relevante e dinâmica em sua missão.
A Igreja e sua missão sinodal
A profundidade do processo sinodal em Portugal também foi refletida em um importante encontro realizado em Roma, em 2024, que reuniu cerca de duzentos sacerdotes para a Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo”. O padre António Bacelar, da Diocese do Porto, destacou durante essa reunião que “não há caminho sinodal sem a contínua conversão de cada um”. Segundo ele, a Igreja é Sínodo e o Sínodo é Igreja, e essa conexão é fundamental para o percurso sinodal.
O padre Bacelar enfatizou que não se trata apenas de um conceito, mas de um chamado à prática diária: “É preciso que retornemos à fonte, que é Deus, para que a Igreja de Deus, povo de Deus, se deixe conduzir por Ele.” Sua mensagem sublinha que a sinodalidade deve ser uma jornada de transformação pessoal e coletiva, onde todos os membros da Igreja se comprometem em seguir um caminho de conversão.
Em junho de 2025, a CEP fez uma reafirmação do compromisso pastoral da Igreja, destacando que as Jornadas Pastorais do Episcopado contribuíram para consolidar a prática sinodal em todo o território nacional. O documento publicado pela Secretaria Geral do Sínodo em março de 2025, com a aprovação do Papa Francisco, propõe um processo de consolidação do caminho percorrido e marca um novo ciclo de trabalho nas Igrejas locais que culminará em uma Assembleia Eclesial em Roma em 2028.
A Igreja, portanto, continua a se adaptar aos novos tempos, criando caminhos que promovem o diálogo e a conversão, garantindo que a voz de cada membro da comunidade eclesial seja ouvida e respeitada. Como concluiu a CEP, “estamos aprendendo a caminhar juntos”.