O Parlamento do Irã aprovou nesta domingo (22) o fechamento do Estreito de Ormuz, principal rota marítima mundial de transporte de petróleo, uma medida que ainda precisa do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei. A decisão aumenta a tensão nos mercados, com os preços do petróleo em alta e os mercados internacionais em queda nesta segunda-feira (22).
Risco de bloqueio do Estreito de Ormuz e impacto nos mercados
Com essa decisão, há uma preocupação crescente com o possível bloqueio do canal, responsável por cerca de 20% do petróleo mundial e importante passagem de gás natural liquefeito (GNL). Mesmo sem o pronunciamento oficial dos órgãos de segurança iranianos, a especulação elevou os preços do petróleo Brent, que subiu 1,78%, cotado a US$ 76,82, e do WTI, com alta de 1,86%, a US$ 75,21. Os ativos de risco, como ações na Ásia e nos EUA, também mostraram queda.
Mercado prejudicado, mas ainda com sinais de contenção
Apesar da expectativa de alta, os efeitos até o momento são considerados moderados. Investidores acreditam que o Irã possa recuar da escalada, especialmente após os ataques norte-americanos às instalações nucleares iranianas, que reduziram temporariamente a ameaça de conflito direto. Parte do mercado espera que uma mudança de regime possa levar a uma postura menos hostil.
Importância estratégica do Estreito de Ormuz
O estreito, que conecta o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia, é vital para a economia global pois transporta aproximadamente 20% do petróleo comercializado mundialmente. Para países como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes, a passagem é a principal rota de exportação de petróleo para Ásia e demais mercados através de uma via que chega a ter apenas 33 km de largura em sua parte mais estreita.
Especialistas, como Vivek Dhar, analista de commodities do Commonwealth Bank, alertam que um bloqueio seletivo ou uma escalada do conflito pode elevar o Brent para pelo menos US$ 100 por barril, podendo chegar até US$ 120 a US$ 130, o nível que se aproximaria do pico de 2022, quando a crise entre Rússia e Ucrânia pressionou os preços.
Potencial impacto econômico global
Segundo o economista André Perfeito, em cenário de fechamento do Estreito de Ormuz, os preços do petróleo podem subir cerca de 20%, chegando a US$ 92 o barril. Caso o conflito se estenda, o aumento pode chegar a 40%, ultrapassando US$ 110, levando os preços ao patamar de 2022. Tais elevações influenciam diretamente a inflação, elevando custos de energia, transporte e alimentos.
Ações militares e a tensão atual
Nos últimos dias, os Estados Unidos realizaram ataques precisos contra instalações nucleares do Irã, após uma semana de confrontos envolvendo Israel e Irã, intensificados por retaliações com mísseis no território israelense. O presidente Donald Trump afirmou que os EUA atacaram três instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — com o objetivo de destruir a capacidade nuclear do país.
A escalada militar aumenta o risco de que o Irã implemente ações que possam interromper o tráfego no estreito, afetando não somente o abastecimento de petróleo, mas também o fornecimento global de gás natural liquefeito e outros recursos estratégicos.
Para analistas como André Perfeito, enquanto há esperança de que o Irã não escale ainda mais a situação, o mercado permanecerá atento a qualquer movimento que possa interromper o fluxo de petróleo, podendo gerar desequilíbrios sérios na oferta e nos preços globais.
Para mais detalhes, confira a matéria completa no G1.