Brasil, 22 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Projeto piloto promete prontuário digital compartilhado em hospitais privados

Hospitais privados e operadoras de plano de saúde testam interoperabilidade de dados, facilitando atendimento de emergência e cuidados preventivos

Um projeto inovador liderado pelo InovaHC, núcleo de inovação do Hospital das Clínicas da USP, visa integrar os sistemas de hospitais, laboratórios e operadoras de planos de saúde por meio de uma plataforma de prontuário eletrônico compartilhado. A iniciativa tem como objetivo permitir o acesso rápido e autorizado ao histórico médico de pacientes, melhorando o atendimento em emergências e otimizando a gestão de dados na saúde privada.

Interoperabilidade de dados na saúde privada

Jsonificado por protocolos comuns, o sistema busca criar uma base de informações acessível por diferentes instituições, seguindo o modelo do open finance, que padronizou o compartilhamento de dados financeiros com o aval do usuário. Atualmente, hospitais como Sírio-Libanês, Beneficência Portuguesa e redes diagnósticas como Dasa, Fleury e Sabin estão na fase final de negociações para testar o projeto, previsto para iniciar em até 120 dias.

Segundo Marco Bego, diretor-executivo do InovaHC, essa interoperabilidade permitirá que médicos acessem dados como alergias, cirurgias recentes, medicações em uso e exames realizados, tudo com autorização prévia do paciente. “Queremos que os hospitais tenham acesso às informações para oferecer um atendimento mais ágil e preciso”, explica Bego.

Benefícios e desafios do prontuário compartilhado

A iniciativa promete ampliar a eficiência nos atendimentos, reduzir redundâncias e auxiliar na gestão de custos, além de facilitar a comunicação entre diferentes níveis de assistência. Para o diretor do InovaHC, a troca de dados poderá evitar procedimentos repetidos e acelerar autorizações, como destacou: “Um prontuário acessível a várias instituições significa menos espera e um cuidado mais completo”.

Especialistas alertam, contudo, para a necessidade de proteção dos dados pessoais. Marina Paullelli, coordenadora do programa de Saúde do Idec, reforça que as informações devem ser utilizadas estritamente no contexto do atendimento, com consentimento claro do usuário. “Se os cuidados com a privacidade não forem respeitados, há risco de práticas abusivas e discriminação”, afirma.

Procedimentos, custos e regulação

O projeto também envolve negociações com a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a participação de redes de farmácias, como a RD. A expectativa é que, com o compartilhamento de dados, seja possível agilizar autorizações de procedimentos, reduzir glosas e melhorar o fluxo de pagamentos aos estabelecimentos de saúde.

O Ministério da Saúde acompanha de perto a iniciativa. Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital, destaca que o SUS já possui uma plataforma de interoperabilidade, a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que armazena informações de forma padronizada e segura, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Riscos, proteção de dados e regulamentação

Apesar dos benefícios, há preocupação com o uso dos dados pessoais. Marina Paullelli alerta que a legislação de proteção de dados, a LGPD, ainda não avançou na fiscalização do setor privado na saúde. Ela defende a adoção de uma plataforma que utilize o Cartão Nacional de Saúde (CNS) para garantir maior segurança e controle do usuário sobre suas informações.

Antonio Britto, diretor da Anahp, reforça que o sucesso do sistema depende de uma regulamentação eficaz e da autorização clara do paciente para o uso de seus dados. “Nenhum usuário deve ser impedido de acessar seus planos ou tratamentos por causa do histórico de saúde”, pontua.

Perspectivas futuras

Se a fase piloto for bem-sucedida, a expectativa é expandir a interoperabilidade para todo o sistema de saúde brasileiro, unindo público e privado. A iniciativa também pode abrir caminho para uma maior transparência e eficiência na gestão de recursos, além de ampliar o acesso a informações para os próprios pacientes, que poderão acompanhar seu histórico de saúde de forma contínua e segura.

O avanço no compartilhamento de dados na saúde é considerado uma estratégia fundamental para modernizar o sistema e oferecer um cuidado mais humanizado e eficiente aos milhões de brasileiros que dependem de atendimento rápido e preciso.

Fonte: O Globo

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes