Brasil, 21 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Estudo revela que orar o rosário traz benefícios semelhantes à meditação moderna

Pesquisa internacional mostra que a prática católica do rosário melhora bem-estar mental, combatendo ansiedade e promovendo empatia

Uma nova pesquisa internacional sugere que orar o rosário, prática tradicional da Igreja Católica, oferece benefícios à saúde mental comparáveis às técnicas de meditação contemporâneas. O estudo, publicado no Journal of Religion and Health, analisa o impacto da oração do rosário na melhora do bem-estar emocional, destacando sua eficácia para reduzir ansiedade, fortalecer a empatia e proporcionar paz interior.

Rosário como método de meditação

Pesquisadores de Itália, Polônia e Espanha entrevistaram 361 católicos praticantes, constatando que quem reza o rosário relata maior bem-estar, menor conflito espiritual e aumento na sensação de proteção. Surpreendentemente, 62,2% dos participantes possuíam diplomas de nível superior, contrariando a ideia de que práticas devocionais tradicionais seriam atrativas somente para populações menos escolarizadas. “Essa prática transcende barreiras culturais e sociais”, afirmou o padre Lluis Oviedo, líder do estudo e professor na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.

Oviedo comentou ao CNA que o objetivo do estudo era explorar se o rosário poderia oferecer benefícios similares às meditações mais populares, como mindfulness. “Acredito nos efeitos positivos do rosário, baseando-me na experiência pessoal e na narrativa de fiéis”, afirmou.

Variações culturais na prática do rosário

Os resultados apresentaram diferenças entre os três países analisados. Na Polônia, com forte tradição católica, a prática era mais frequente (média de 3,70 em escala de 5), refletindo o grau de religiosidade do país. Na Itália, a prática era moderada, mas com maior índice de empatia, indicando que o benefício do rosário impacta a conexão social. Na Espanha, embora a frequência de oração fosse menor, os praticantes apresentaram altos índices de bem-estar, mesmo com uma relação ambígua com a religiosidade.

Benefícios para a saúde mental

O estudo evidenciou que o rosário promove “paz espiritual, calma e autoconfiança” em 26,3% dos participantes. Outros relatos apontaram que a prática ajudou no enfrentamento de crises pessoais, como a perda de entes queridos, oferecendo força para superar momentos difíceis. Além disso, os fiéis relataram redução de depressão e maior otimismo, resultados semelhantes aos obtidos com meditações de atenção plena, porém sem custo financeiro elevado.

“Praticar o rosário foi fundamental na minha recuperação após a morte do meu marido. Durante a oração, encontrei força suficiente para seguir em frente”, compartilhou uma participante.

Implicações sociais e culturais

Os autores destacam que a disseminação de práticas espirituais acessíveis é vital diante de crises globais de saúde mental. Em países como os EUA, onde o setor de bem-estar movimenta bilhões, a pesquisa reforça a importância de reconhecer recursos tradicionais como o rosário, que dispensa recursos caros e pode ser praticado por todas as classes sociais.

O estudo desafia a visão de que apenas práticas não cristãs de meditação têm valor terapêutico, evidenciando que tradições ocidentais também possuem potencial para ajudar na promoção do bem-estar psicológico.

Quebrando preconceitos

Os pesquisadores apontam um desequilíbrio na literatura científica: enquanto há mais de 30 mil registros sobre mindfulness, há apenas 13 sobre oração do rosário. Essa disparidade reflete uma tendência cultural de valorizar práticas inovadoras em detrimento das tradições religiosas tradicionais.

Segundo os autores, o rosário funciona como uma espécie de mantra, promovendo estados meditativos que reduzem ansiedade e aumentam a empatia, contrariando a ideia de que devoções antiquadas seriam ineficazes ou irrelevantes na sociedade moderna.

Perspectivas futuras

Oviedo afirma que é cedo para avaliar o impacto geral do estudo, mas revela surpresa com o interesse midiático pelo tema. Ele aponta para a necessidade de uma “teologia vivida”, que reconheça a importância das experiências de fé nas vidas dos fiéis, além de promover uma compreensão mais ampla do potencial terapêutico das práticas religiosas.

“É essencial que a Igreja valorize suas tradições, como o rosário, como instrumentos de cuidado emocional e espiritual, especialmente para populações que menos têm acesso a terapias convencionais”, concluiu o pesquisador.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes