A eleição presidencial na Polônia terminou com a vitória apertada de Karol Nawrocki, um historiador sem experiência política, que tomará posse em 6 de agosto. Nawrocki deve usar seu poder de veto para impedir reformas promovidas pelo atual governo de Donald Tusk e explorar divisões na coalizão de centro-direita, fortalecendo o espectro da extrema-direita no país.
Impactos do mandato de Nawrocki na política polonesa
Com a sua posse, Nawrocki deverá bloquear propostas de Tusk para liberalizar a legislação de aborto e reformar o sistema judiciário, alinhadas às demandas da União Europeia. Além disso, o novo presidente buscará dividir a coalizão governista de quatro partidos, sobretudo entre integrantes do Partido Popular Polonês, que ainda estão enfraquecidos.
A derrota do aliado Rafi Trzaskowski e a insatisfação crescente com a economia, a elevada presença de refugiados ucranianos — que, segundo pesquisa, tiveram apoio à entrada de refugiados caído de 81% para 50% em poucos meses — refletem o desgaste do governo de Tusk. Essa situação favorece a força dos partidos de direita e extrema-direita nas próximas eleições parlamentares de 2027.
Respostas políticas de Tusk e perspectivas para sua gestão
Tusk, embora tenha sobrevivido a uma votação de descrédito em 11 de junho, deverá fazer ajustes em seu governo, reduzindo ministérios, especialmente na área econômica, e focando em políticas sociais, subsídios e planos de habitação acessível. Essas estratégias visam acalmar o eleitorado e enfrentar a resistência de Nawrocki na arena internacional.
Enquanto isso, seus apoiadores esperam que ele flexibilize as restrições ao aborto e restaure o Estado de Direito, após o período de dominação do PiS. No entanto, Nawrocki usará seu cargo para desafiar a política externa do governo, vinculando-se a líderes como Donald Trump e Viktor Orbán, fortalecendo a posição de resistência da Polônia em relação às políticas da União Europeia.
Possíveis mudanças na política externa e de refugiados
Embora Nawrocki apoie o esforço de guerra da Ucrânia, ele se posiciona contra a adesão do país à UE e à OTAN, além de buscar cortes nos benefícios a refugiados. Sua disposição de criticar abertamente as iniciativas pró-Ucrânia dificultará o apoio à Ucrânia e influenciará as políticas futuras de Tusk.
Analistas alertam que esse cenário pode enfraquecer a integração da Polônia na UE, além de dificultar a cooperação com outros países europeus na questão da segurança e dos refugiados. Nawrocki, em seu mandato, reforçará a postura nacionalista e a resistência às pressões externas, fortalecendo o avanço do espectro mais radical na política do país.