Nos últimos anos, muitas pessoas têm se queixado de que a jornada de trabalho parece nunca acabar. Uma nova pesquisa da Microsoft confirma essas preocupações, revelando que os funcionários estão vivendo o que chamam de “dia de trabalho infinito”. Esse fenômeno é caracterizado por uma avalanche de e-mails, reuniões e notificações que se estendem por grande parte do dia. Com horários de correio eletrônico sendo checados antes das 6 da manhã e trabalho indo até altas horas da noite, a situação se tornou realmente crítica.
A realidade do dia de trabalho infinito
De acordo com o estudo da Microsoft, os trabalhadores estão interrompidos a cada dois minutos, recebendo uma média de 117 e-mails e 153 mensagens pelo Teams diariamente. Essa pressão constante resulta em um ambiente caótico em que 48% dos funcionários e 52% dos líderes relatarem que o trabalho se tornou “caótico e fragmentado”. Além disso, 80% dos trabalhadores globais afirmam que não têm tempo e energia suficientes para realizar suas tarefas adequadamente.
Sentimento de sobrecarga
Alexia Cambon, diretora de pesquisa sênior da Microsoft, destaca que os dados revelam um cenário preocupante de burnout entre os trabalhadores. “A multiplicação, a intensidade e a duração do dia de trabalho estão criando muita fricção para muitos colaboradores”, aponta Cambon. Segundo ela, um dos principais fatores que contribuem para essa sobrecarga é a falta de evolução nos modelos de trabalho.
Um exemplo clássico são as reuniões, que, por muito tempo, foram vistas como a única forma de troca de informações. Com a adaptação ao trabalho remoto, a possibilidade de comunicação assíncrona foi ampliada, mas as reuniões continuam ocupando uma parte significativa das horas trabalhadas. Surpreendentemente, quase um terço dessas reuniões ocorre em fusos horários diferentes, e aquelas que acontecem após às 20h aumentaram em 16% ano após ano.
Impacto da tecnologia e do trabalho remoto
Com a mudança para o trabalho remoto durante a pandemia, as fronteiras entre vida pessoal e profissional se tornaram ainda mais tênues. Cambon ressalta que muitos dos sinais que antes indicavam o início e o término da jornada de trabalho estão praticamente ausentes. “Todos os sinais que normalmente utilizávamos para nos orientar foram apagados”, explica.
Essa nova realidade leva à conclusão de que o tempo e a energia dos trabalhadores são recursos limitados, e esse estresse acumulado faz com que eles não consigam se concentrar nas tarefas mais importantes. Cambon acredita que, com a utilização de agentes de IA para automatizar tarefas de baixo valor, como reuniões de status, relatórios rotineiros e tarefas administrativas, as empresas poderão recuperar tempo para o que realmente importa: um trabalho profundo, decisões rápidas e execução focada.
A importância de estabelecer limites
Ao enfatizar a necessidade de estabelecer limites, Cambon sugere que os trabalhadores devem fazer pausas e interagir com colegas. “Trocar ideias com os colegas é essencial para o trabalho – não é algo separado disso”, afirma. Definir horários claros de trabalho e desconexão pode ajudar a combater o burnout e melhorar o bem-estar geral dos trabalhadores.
Embora as empresas possam vir a adotar estratégias baseadas em inteligência artificial para aliviar a carga de trabalho, também é crucial que os colaboradores reconheçam a necessidade de cuidar de sua saúde mental. Criar um ambiente onde o respeito ao tempo pessoal seja priorizado pode ser um grande passo para um dia de trabalho mais saudável e produtivo.
Compreender as causas e consequências do dia de trabalho infinito é fundamental, tanto para os trabalhadores quanto para os líderes empresariais, a fim de buscar soluções que garantam um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Afinal, um trabalhador satisfeito e equilibrado tende a ser mais produtivo e engajado com suas atividades.
