O maior desafio na transição para fontes limpas de energia não é técnico, mas institucional, segundo Vitelio Brustolin, pesquisador em Harvard e professor na Universidade Federal Fluminense. Brustolin será um dos palestrantes do Energy Summit, que ocorre no Rio de Janeiro na próxima semana, para discutir os caminhos dessa mudança.
Principais obstáculos na transição energética
Brustolin afirma que as barreiras regulatórias, infraestruturas centralizadas e subsídios a combustíveis fósseis desaceleram a adoção de energias renováveis. “A inércia do sistema institucional é o maior obstáculo”, destaca o especialista.
Modelos de transição energética: há uma fórmula única?
Segundo Brustolin, não existe um modelo universal. Cada país deve buscar um caminho sustentável que considere suas condições específicas, como recursos naturais, matriz energética e capacidade institucional. Em algumas nações, modelos descentralizados funcionam melhor, enquanto outras dependem de fontes centralizadas, como hidro, nuclear ou gás.
Os 4Ds e o avanço na transição energética
Brustolin ressalta que países que adotam os quatro Ds — descarbonização, digitalização, descentralização e democratização — estão à frente no processo. Investimentos em inovação digital, redes inteligentes e empoderamento comunitário fortalecem essa trajetória.
Inteligência artificial e o consumo de energia
A inteligência artificial (IA) impulsiona o debate sobre a demanda de energia, que deve dobrar até 2030 devido ao crescimento dos data centers e das aplicações de IA. Contudo, ela também oferece oportunidades para otimizar redes inteligentes e integrar fontes renováveis.
Riscos associados ao uso crescente de IA
O aumento do uso de IA intensifica o consumo de energia e aumenta vulnerabilidades na infraestrutura de países com redes antigas ou dependentes de fósseis, como carvão e gás. Além disso, há riscos de crise de fornecimento, maior geração de lixo eletrônico e aumento da desigualdade digital, além de ameaças cibernéticas.
Panorama na Europa e caminhos para a transição
Na Europa, a busca por fontes limpas passa por diversificação, incluindo nuclear, hidrogênio verde, geotérmica e renováveis. Investimentos em infraestrutura, com interligações internacionais e armazenamento sazonal, também são estratégias discutidas para superar os obstáculos regulatórios.
Investidores em energia e novas tecnologias
Capital de risco foca em startups de tecnologias verdes, como eletrolisadores, fontes renováveis, redes inteligentes, IA e hidrogênio verde. O Brasil, com uma matriz elétrica limpa de quase 90%, atrai esses investidores devido ao seu potencial de crescimento na produção de hidrogênio verde e soluções digitais.
Vantagens do Brasil na transição energética
O país possui recursos abundantes e uma matriz energética relativamente limpa, o que favorece sua liderança na produção de hidrogênio verde e no desenvolvimento de soluções locais de IA e redes inteligentes. Essa vantagem pode impulsionar investimentos nacionais e estrangeiros, fortalecendo sua posição no cenário global.
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