Brasil, 21 de junho de 2025
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Aumento da fadiga por alertas de notícias nas redes móveis

A pesquisa revela que usuários de smartphones estão cada vez mais desativando notificações de notícias devido à sobrecarga de informações.

Nos dias atuais, não é incomum que milhões de smartphones vibrem ou emitam alarmes simultaneamente, alertando os usuários sobre notícias que são consideradas importantes demais para serem ignoradas. No entanto, um novo estudo aponta que essa incessante onda de notificações está gerando um fenômeno conhecido como “fadiga por alertas”, levando alguns usuários a receberem até 50 notificações por dia.

A prevalência dos alertas de notícias

A ascensão de agregadores de notícias como Apple News e Google em dispositivos móveis significa que muitos usuários podem receber mais de um alerta sobre a mesma história. De acordo com uma análise realizada pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, 79% das pessoas entrevistadas globalmente afirmaram que não recebem alertas de notícias em média durante uma semana. Importante destacar que 43% dos que não recebem esses alertas afirmaram ter desativado as notificações ativamente, citando a sobrecarga de informações ou a falta de utilidade como principais razões.

Crescimento no uso de alertas de notícias

O uso de alertas de notícias aumentou consideravelmente na última década. Nos Estados Unidos, o uso semanal cresceu de 6% para 23% dos usuários de smartphones desde 2014, enquanto no Reino Unido, o salto foi de 3% para 18%. A pesquisa destacou a efetividade dos alertas da BBC, que podem notificar quase 4 milhões de pessoas no Reino Unido toda vez que a emissora envia um aviso.

A linha tênue entre informar e incomodar

Os pesquisadores também notaram que as empresas de notícias estão cientes da linha delicada que precisam percorrer: notificar os usuários sobre informações cruciais sem causar a desinscrição por excesso de atualizações. O estudo revelou que alguns editores são mais comedidos que outros. Enquanto o Times no Reino Unido limita seus alertas a quatro por dia, o Financial Times envia um número de alertas gerais a todos e uma notificação personalizada para quem se inscrever. Por outro lado, o Jerusalem Post e a CNN Indonésia costumam enviar até 50 alertas diariamente.

Uma ferramenta de pesquisa utilizada para monitorar as notificações de notícias revelou que o New York Times envia em média 10 alertas por dia, enquanto o Tagesschau da Alemanha fica em torno de 1,9 e o NDTV da Índia, surpreendentes 29,1. O BBC News fica em 8,3 notificações diárias, segundo a mesma ferramenta de pesquisa.

Impacto da fadiga por alertas na indústria

“É um caminho delicado que os editores estão percorrendo”, comentou Nic Newman, autor principal do relatório. “Se eles enviam muitos alertas, as pessoas desinstalam o aplicativo, o que é desastroso. O problema clássico é que os editores sabem que não devem enviar muitos individualmente. No entanto, coletivamente, sempre haverá alguns que vão estragar a situação.”

“Estamos diante de uma clara fadiga por alertas. Isso está parcialmente relacionado à evitação de notícias. Os usuários desejam se proteger ao longo do dia, para que não sejam distraídos e possam se concentrar em outras tarefas. Isso não significa que não estão interessados em notícias; apenas não querem ser bombardeados por informações 24 horas por dia, como se fosse um trem expresso.”

A batalha pela tela de bloqueio do smartphone

A pesquisa surge em meio a uma grande disputa pela tela de bloqueio dos smartphones, que é vista como um espaço privilegiado para que empresas busquem estreitar o relacionamento com seu público. Os alertas de notícias competem por posição ao lado de mensagens de redes sociais, jogos e outros aplicativos de entretenimento.

Se as notificações em excesso gerarem problemas para todo o setor, os grandes sistemas operacionais móveis como Apple e Google têm rotineiramente alertado os editores sobre o envio excessivo de alertas. Isso levantou preocupações de que essas plataformas possam restringir ainda mais ou mediar as notificações no futuro.

Essa análise insere-se em um contexto onde a atenção dos usuários se tornou uma mercadoria valiosa. A forma como as empresas lidam com o fluxo de informações pode definir o futuro da comunicação digital e da relação entre as plataformas e seus usuários.

Essas revelações destacam um dilema que continua a ser um desafio para editores de notícias em todo o mundo: como manter os leitores informados e engajados sem sobrecarregá-los com informações constantes.

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