Um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Vaticano propõe ações urgentes para enfrentar as crises da dívida nos países em desenvolvimento, ampliando sua margem de investimento em áreas vitais como saúde, educação e infraestrutura. Solicitado pelo papa Francisco em fevereiro, no âmbito do Jubileu 2025, o documento foi elaborado por cerca de 30 especialistas liderados pelo premiado com o Nobel de Economia, Joseph Stiglitz.
Convocados pelo Papa Francisco: plano para superar crises da dívida
Segundo o relatório, “no conjunto do mundo em desenvolvimento, a carga média de juros quase dobrou na última década”. Atualmente, 54 países gastam 10% ou mais de suas receitas fiscais apenas com o pagamento de juros de dívidas, indicam os autores. Essa situação desvia recursos essenciais que poderiam ser utilizados em saúde, educação, infraestrutura e ações contra as mudanças climáticas, prejudicando milhões de pessoas.
“Cinquenta e quatro países gastam atualmente 10% ou mais de suas receitas fiscais apenas com o pagamento de juros”, afirmaram os autores em comunicado. Para eles, a elevada carga de juros limita a capacidade de investimento em áreas cruciais para o bem-estar e o desenvolvimento dessas nações.
Propostas para aliviar a carga da dívida
O relatório recomenda que credores e governos devedores adotem reestruturações que ofereçam um alívio financeiro suficiente e rápido. Além disso, sugere que as instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), modifiquem suas práticas, eliminando resgates de credores privados e promovendo uma abordagem mais justa e sustentável para a reavaliação dessas dívidas.
“Os especialistas estão cada vez mais de acordo que o sistema atual de endividamento serve aos interesses dos mercados financeiros, e não das populações”, declarou Joseph Stiglitz. Segundo ele, essa dinâmica pode condenar países a décadas perdidas ou a situações ainda piores.
Contexto e influência do papa Francisco
Durante seus 12 anos de pontificado, o papa Francisco reiterou pedidos pelo cancelamento da dívida dos países em desenvolvimento. Seu sucessor, o papa Leão XIV, que escolheu o nome em homenagem a Leão XIII, fundador da doutrina social da Igreja, criticou o “paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres” em sua missa de inauguração.
As conclusões do relatório serão discutidas em importantes eventos internacionais nas próximas semanas. Entre eles, a quarta conferência sobre financiamento para o desenvolvimento em Sevilha, em julho, a Assembleia Geral da ONU, em setembro, e a reunião do G20 em Johannesburgo, em novembro.
Estas ações representam uma oportunidade para a comunidade global repensar as formas de financiamento e apostar em uma economia mais inclusiva e sustentável, priorizando o alívio da carga de dívidas dos países mais vulneráveis.
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