O clima é de urgência no Partido dos Trabalhadores (PT). Às vésperas das definições internas e com a sombra das eleições de 2026 à espreita, três dos quatro candidatos à presidência do partido não hesitam em cobrar mudanças drásticas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O alerta parte de figuras proeminentes como Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira, que traçam um quadro preocupante sobre o futuro político do Brasil e do próprio PT.
A percepção do povo e a necessidade de ajustes
Durante um debate no Rio de Janeiro, Romênio Pereira, atual Secretário de Relações Internacionais do PT, não poupou críticas e enfatizou que “ou o governo muda ou o povo muda de governo.” Em um contexto marcado por uma alta taxa de reprovação ao governo Lula, ele reafirmou a necessidade de escutar o clamor popular. Romênio ironizou: “A gente só gosta de ver pesquisa quando ela é boa”, um recado claro sobre a importância de lidar com a realidade e não se deixar iludir por números favoráveis.
Em sintonia com essa visão, Valter Pomar fez ecoar a mesma necessidade de mudança, afirmando que “precisa ter mudança na linha política do governo e na linha do partido.” Para ele, a perda de apoio na base social e eleitoral está sendo confirmada por todas as pesquisas, indicando uma desconexão entre o governo e os anseios populares.
Desafios e a defesa da gestão atual
Edinho Silva, preferido de Lula e candidato à presidência do PT, por sua vez, se colocou em uma posição defensiva, reconhecendo que o governo é “refém de um Congresso movido a emendas e hostil ao PT.” Sua declaração reflete um sentimento de constrangimento em relação ao controle da governabilidade em um sistema que, segundo ele, já não se restringe a um regime presidencialista convencional. A alegação de que o governo enfrenta dificuldades para governar nem sempre convenceu seus colegas de partido, que o consideram como uma situação gravíssima.
Os candidatos divergiram sobre as estratégias a serem adotadas até 2026. Edinho, temendo possíveis repercussões negativas, argumentou que as críticas internas ao governo serviriam apenas para fortalecer a oposição, o que gerou discordância entre os outros candidatos.
Um apelo ao partido e suas consequências
Em meio ao debate acalorado, Romênio Pereira alertou que os eleitores têm o poder de “demitir” seus representantes, insinuando que a falta de mudanças poderia levar a uma derrota nas urnas em 2026. Ele reafirmou o compromisso de seguir as diretrizes de Lula, que, segundo ele, já havia deixado claro que não desejava tapinhas nas costas nem pessoas que se restringem a elogios vazios.
Num dos momentos mais tensos do encontro, Valter Pomar fez acusações sérias contra Washington Quaquá, líder do PT no estado do Rio de Janeiro, insinuando promiscuidade com milicianos e enriquecimento ilícito. Embora tensa, essa polêmica evidenciou ainda mais a fratura existente dentro do partido.
Considerações finais sobre o futuro do PT
A discussão interna no PT revela um partido em crise, confrontado pela necessidade de ressignificar sua relação com os eleitores e ajustar suas práticas políticas. A preocupação com o futuro é palpável nas falas dos candidatos que vislumbram um 2026 incerto, caso nenhuma ação significativa seja empreendida. As críticas feitas pelos candidatos fazem parte de um apelo coletivo e urgente do PT, que, embora deseje permanecer no poder, sabe que a inação poderá custar caro nas próximas eleições.
Assim, os desdobramentos dessa disputa interna são essenciais não apenas para o futuro do partido, mas também para o próprio Lula e sua trajetória política nos próximos anos. O longo caminho até 2026 está repleto de incertezas e desafios que exigem não só comprometimento, mas também inovação e diálogo sincero com a população.