Brasil, 20 de junho de 2025
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Identificação de corpo carbonizado em SP leva 10 meses

Orides do Carmo Brito, zelador carbonizado, teve corpo liberado após exame de DNA, levando 10 meses e gerando dificuldades à família.

Em um caso trágico que reflete as consequências de uma burocracia dificultosa, Orides do Carmo Brito, de 60 anos, faleceu em agosto de 2024 em um incêndio na Zona Sul de São Paulo. Seu corpo, que havia sofrido 80% de queimaduras, só foi liberado para a família após 10 meses devido à necessidade de um exame de DNA para comprovar sua identidade. Essa espera angustiante acabou se tornando um verdadeiro calvário para seus familiares, que enfrentaram dificuldades financeiras e emocionais enquanto aguardavam a liberação do corpo.

A tragédia e a busca por identidade

Orides havia trabalhado até seu último dia na Avenida Giovanni Gronchi, onde perdeu sua vida em um incêndio devastador. O reconhecimento visual não foi possível, pois as queimaduras eram extensivas. A família, que tentou apresentar documentação e sinais distintivos, como um pino que ele tinha na perna, se viu diante de uma negativa do Instituto Médico Legal (IML). “Após tentativas frustradas de reconhecimento, decidimos por um exame de DNA”, relatou Franciane de Oliveira Brito, filha de Orides.

O exame, que deveria ter sido uma solução rápida, tornou-se uma espera angustiante. “Nos informaram que o resultado levaria entre um ano e um ano e meio”, lamentou Franciane. Felizmente, a partir da coleta, o laudo ficou pronto em cerca de 10 meses, mas esse prazo ainda foi doloroso demais para a família, que lidava com a perda de um ente querido e a ausência das condições para um enterro digno.

Dificuldades financeiras e enterro comunitário

Ao finalmente receber o corpo, a família enfrentou outro obstáculo. Com a pressão financeira causada pela espera e as despesas emergenciais, Romilda de Oliveira Brito, viúva de Orides, revelou que não conseguiam arcar com os custos do enterro. “Tentamos o enterro social pela Prefeitura, mas não conseguimos porque não temos Bolsa Família”, disse Romilda, demonstrando a dureza da realidade enfrentada por muitos brasileiros em situações semelhantes.

Felizmente, o comunitário local respondeu com generosidade. Com doações e apoio da comunidade, a família conseguiu realizar o enterro de Orides, que ocorreu na última segunda-feira (16). A situação expôs não apenas a dor pessoal, mas também as vulnerabilidades enfrentadas pelas famílias em situações de emergência, principalmente quando envolvem desencontros com a burocracia estatal.

Nota das autoridades e a investigação

O caso de Orides do Carmo Brito chamou atenção para a lentidão do processo de identificação em casos de corpos carbonizados. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que é comum a necessidade de um tempo maior para a identificação em tais casos, e não é possível estabelecer uma média de tempo para liberação. A SSP também informou que o caso está em investigação, o que levanta questões sobre as circunstâncias do incêndio e a segurança no local de trabalho de Orides.

Esse incidente, além de trazer à tona a tragédia pessoal de uma família, ressalta a importância de um sistema de saúde pública mais eficiente e acessível, que garanta dignidade a todos, especialmente em momentos de luto e necessidade. A espera de 10 meses para a liberação do corpo de Orides do Carmo Brito é um exemplo claro das falhas que precisam ser abordadas e melhoradas para proteger aqueles que, como ele, já enfrentaram o pior e merecem um fechamento dignificado. A busca por Justiça e reparação para os que ficam deve ser uma prioridade das autoridades, para que histórias como a de Orides não se repitam no futuro.

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