No último dia 13 de outubro, Ícaro Barros, um médico baiano, se viu em meio ao caos em Israel quando os conflitos com o Irã eruptions. Ele estava em uma festa em Tel Aviv quando os alarmes começaram a tocar, sinalizando o início de uma série de ataques. Desde então, seu desejo de retornar ao Brasil se transformou em uma luta constante por segurança e estabilidade em meio à incerteza.
A virada repentina na festa
Na madrugada de sexta-feira (13), Ícaro estava em um evento social, aproveitando a noite típica de uma cidade que é conhecida por sua vida animada e praias. De repente, um alerta no celular mudou tudo. “Soou um alarme muito alto no meu celular. Estava escrito ‘Extreme Alert’ e um texto em hebraico. Como meu hebraico não é muito bom, fui pedir ajuda para entender o que estava escrito”, relembra o médico.
Com pânico ao seu redor, mais de 500 pessoas correram para a rua, gritando e tentando ligar para suas famílias. “Foi assustador”, afirmou Barros. Sem saber o que fazer, ele recebeu ajuda de um amigo, que o levou para um abrigo mais seguro. Desde então, ele tem permanecido em um imóvel com um bunker, preparado para os possíveis bombardeios.
A vida sob tensão em Tel Aviv
Barros descreveu a vida em Tel Aviv após o início dos ataques como “atípica”. A cidade, normalmente vibrante e cheia de vida, se transformou em um local deserto e tenso. “Existem ruas vazias, e o movimento que costumamos ver foi substituído por uma atmosfera de tensão. As pessoas estão alerta, sempre de olho no celular, mesmo para ir ao mercado”, contou.
Além da insegurança imediata, a preocupação com seu futuro profissional também atormenta o médico. “Estou preocupado com meu trabalho, cumprir minha agenda de cirurgias e atender meus pacientes”, revelou, reconhecendo a difícil situação que ele e muitos outros enfrentam atualmente.
O desespero de uma mãe
A mãe de Ícaro, Anakláudia Barros, em Itaberaba, Bahia, tem acompanhado a situação do filho com imensa aflição. “Não tenho conseguido dormir direito desde que soube da guerra pelos jornais”, desabafou. Para ela, a dor de saber que seu filho está em um local perigoso é imensurável. “É uma situação sem precedentes, uma aflição. Minha maior preocupação é que ele não está conseguindo retornar”, disse ela.
Anakláudia destacou que as tentativas de contato com a Embaixada do Brasil em Israel têm sido frustrantes, recebendo apenas respostas pedindo paciência. “Quero saber que todos que estão precisando chegar em suas casas cheguem em paz”, clamou.
A esperança de um retorno
Apesar das dificuldades, Ícaro possui um visto temporário para a Jordânia, o que representaria um avanço em direção à sua volta ao Brasil. No entanto, ele enfrenta a dura realidade de que precisa da autorização do governo israelense para deixar o país. “Não existe a menor possibilidade dele sair sozinho”, enfatizou Anakláudia.
Recentemente, o governo brasileiro conseguiu retirar um grupo de 27 prefeitos que estavam impossibilitados de deixar Israel, o que gera uma leve esperança para Ícaro. No entanto, ele destacou que o percurso até a Jordânia não é considerado seguro, devido aos riscos de bombardeios.
Orientações do Ministério das Relações Exteriores
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota informando que as Embaixadas brasileiras em Tel Aviv e Teerã estão monitorando a situação. Orientações foram dadas aos cidadãos brasileiros, incluindo seguir as recomendações de segurança das autoridades locais e evitar multidões.
Com a incerteza pairando no ar, brasileiros como Ícaro Barros aguardam ansiosamente pela liberação para retornar ao seu país, enquanto vivem dias tensos em meio a uma realidade em constante mudança.