A Marcha para Jesus, que ocorre nesta quinta-feira (19), se tornará novamente um importante ponto de encontro para políticos de direita e um novo teste de popularidade para o governo do presidente Lula entre os evangélicos neopentecostais. O atual presidente tem se esforçado para reformular sua imagem diante desse segmento, optando por campanhas publicitárias como a “Fé no Brasil”. Entretanto, as pesquisas mais recentes revelam que o caminho ainda é difícil.
A participação dos evangélicos e a avaliação do governo
De acordo com o levantamento mais recente do Datafolha, publicado no dia 14 de junho, apenas 19% dos evangélicos avaliaram o governo federal como ótimo ou bom. Esse índice, que havia chegado a 30% no ano passado, testemunhou uma queda acentuada a partir de outubro, coincidentemente com a crise geral de popularidade que o governo vem enfrentando. As medições indicam que 50% dos entrevistados consideram a gestão ruim ou péssima, enquanto 30% a classificam como regular.
Estratégia de Lula e o evento
Nesta edição da Marcha para Jesus, o presidente Lula optou mais uma vez por não comparecer pessoalmente, delegando essa responsabilidade ao ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União (AGU). Messias, membro da Igreja Batista, representou o presidente do ano anterior, levando uma carta assinada por Lula que ressaltava sua contribuição ao sancionar o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009.
Os adversários políticos de Lula também confirmaram presença. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que por coincidência é o aniversariante do dia, estará acompanhado pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). Essa dupla esteve recentemente junto ao ministro Lula em um culto de aniversário do pastor Manoel Ferreira, na Assembleia de Deus do Brás, mostrando que o evento é também uma oportunidade para a formação de alianças dentro do campo evangélico.
Aliados e expectativas para o futuro
O governador de São Paulo pode, inclusive, levar consigo outros aliados que, como Nunes, se postam como candidatos a cargos majoritários em 2026. Nomes como Gilberto Kassab (PSD), secretário de governo, e André do Prado (PL), presidente da Assembleia Legislativa do Estado, já foram mencionados como possíveis participantes. Eles também foram vistos recentemente no culto no Brás, onde receberam agradecimentos por sua presença.
A Marcha e sua importância cultural
A Marcha para Jesus, organizada pelo apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, tem uma expectativa de reunir 21 mil caravanas e 2 milhões de pessoas. A caminhada de três quilômetros e meio sairá do metrô da Luz em direção à Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, próxima ao Campo de Marte, começando a partir das 9h30.
Além da caminhada, a programação do evento conta com shows gratuitos de artistas e grupos de música gospel, incluindo Aline Barros, Bruna Karla, Isadora Pompeo, Morada e Thalles Roberto. Chegada ao Brasil em 1993, a Marcha para Jesus se consolidou ao longo dos anos como um evento relevante no calendário da cidade e para a comunidade evangélica.
Com o cenário político e a avaliação negativa do governo em evidência, a Marcha deste ano promete ser não apenas um evento festivo, mas também um termômetro para as relações entre o governo Lula e o eleitorado evangélico. Será uma oportunidade para medir a aceitação das iniciativas do governo e para os políticos de direita fortalecerem sua presença neste segmento crucial.