O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (18) a taxa básica de juros para 15%, um aumento de 0,5 ponto percentual, mesmo sem necessidade clara e com a maioria do mercado prevendo estabilidade. A Selic em 14,75% já seria suficiente para conter a alta da inflação, que está em queda e com perspectivas de declínio em 2026, segundo o próprio Banco Central.
Decisão marcada por insegurança e sinalização de fim do ciclo de alta
Segundo o comunicado do Copom, a interrupção no ciclo de alta foi condicional, “em se confirmando o cenário esperado”, deixando espaço para nova elevação caso seja necessário. A autoridade monetária destacou que os juros permanecerão elevados por um período prolongado, enquanto a inflação, que deve atingir 3,6% no horizonte de 2026, permanece acima do centro da meta (3%).
Analistas avaliam que, apesar do impacto moderado do aumento – somente 0,5 ponto percentual -, a decisão revela um Banco Central inseguro, mais preocupado em parecer “hawkish” (duro na política de juros) do que com uma avaliação técnica do momento econômico. Economistas dizem que o Copom fechou a porta ao sinalizar o fim do ciclo de alta.
Contexto econômico e riscos fiscais
Apesar do aumento, a decisão ocorre em um cenário de desaceleração econômica, com projeções de inflação em queda e uma crise fiscal que demanda atenção. O Banco Central acompanha de perto o aumento da dívida pública, impulsionado pelo elevado custo dos juros, e reforça que sua prioridade é reduzir a inflação para auxiliar na queda da taxa de juros.
O governo enfrenta dificuldades para aprovar propostas de cortes de gastos no Congresso, o que agrava a crise fiscal. Uma das propostas mais discutidas foi limitar salários acima do teto do funcionalismo, principalmente no Judiciário, além de tentar estabelecer limites para reajustes do Fundo Constitucional do Distrito Federal. Contudo, muitos projetos continuam travados ou rejeitados na Câmara e no Senado.
Cenário internacional e política brasileira
O entorno externo também colabora para um cenário de incerteza. Conflitos internacionais, especialmente no Oriente Médio, e a atuação do presidente Donald Trump aumentam a volatilidade. No âmbito doméstico, a semana foi marcada por uma forte demonstração de força da oposição, com ações judiciais e estratégias para pressionar o governo e criar clima pré-eleitoral para 2026.
A conjuntura política de instabilidade, aliada às turbulências externas, dificulta a aprovação de reformas estruturais necessárias para melhorar as contas públicas. Apesar de indicadores econômicos positivos, como queda no desemprego e alta moderada do crescimento, o clima de estresse político e as dificuldades fiscais permanecem como desafios importantes.
Perspectivas futuras
O Banco Central anunciou que os juros permanecerão elevados por bastante tempo, até que a inflação esteja sob controle de forma consistente. A expectativa dos analistas é de que a política monetária precise de ajustes mais cautelosos, evitando exageros que possam frear a recuperação econômica.
Por ora, o mercado aposta na manutenção dos juros, enquanto o governo busca equilibrar contas e garantir estabilidade política, numa fase de incerteza tanto no âmbito interno quanto no internacional.