Menos de 24 horas após a leitura do requerimento para a abertura da CPI do INSS pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), os partidos já iniciaram a indicação de seus representantes para o colegiado. Os nomes escolhidos refletem uma tensão crescente entre as legendas que compõem a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os partidos de oposição. O panorama atual sugere um embate acirrado no Congresso em meio à votação de matérias relevantes para a população.
Partidos fazem suas escolhas
O PSD da Câmara indicou Sidney Leite (AM) como deputado titular e Carlos Sampaio (SP) como suplente. Leite, que é autor de um projeto de lei que visa a impedir descontos indevidos em aposentadorias, já anunciou que espera adotar uma postura crítica em relação às medidas do governo Lula para coibir fraudes no INSS. A expectativa é que este envolvimento do PSD contribua significativamente para a deliberação das questões pertinentes à CPI.
Por outro lado, o PP já confirmou seus representantes no Senado. O presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), anunciou que o titular será Esperidião Amin (SC) e o suplente Luiz Carlos Heinze (RS). Amin ressaltou que há uma tentativa por parte dos governistas de domar a composição da CPI, o que poderia interferir no relatório final a ser apresentado. Vale lembrar que Heinze está alinhado politicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que intensifica ainda mais a disputa interna na legenda.
PL e suas dificuldades internas
O Partido Liberal (PL), que possui a maior bancada na Câmara, decidiu não disputar a relatoria da CPI do INSS. Segundo o líder da bancada na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), essa decisão se deu em meio a uma disputa interna acirrada entre os bolsonaristas que almejam ocupar as vagas disponíveis. O PL teve direito a seis vagas no colegiado — três titulares e três suplentes —, mas já há um acordo para ceder uma suplência ao Partido Novo.
Internamente, o PL já enfrenta uma série de pedidos de parlamentares que querem as vagas disponíveis, com 11 nomes reivindicando cinco posições. Entre os mencionados estão nomes como Bia Kicis (DF), Coronel Fernanda (MT), e Daniela Reinehr (SC). O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que já manifestou seu desejo de ser titular do colegiado, enfatizou a importância da CPI para a apuração de irregularidades no INSS, que estão gerando debate e preocupação em torno da gestão e fiscalização do sistema previdenciário do país.
Designação e alinhamentos políticos
A escolha do relator da CPI ainda está indefinida, mas especula-se que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), trabalhe para indicar um membro do PSD, especificamente o senador Omar Aziz (AM), considerado um “aliado” pelos governistas. Essa possível escolha tem o intuito de garantir um controle mais moderado sobre a comissão.
Os bolsonaristas, por sua vez, pressionam para que o relator mantenha afinidade com a direita, dado que a presidência da CPI será atribuída pelo Senado. A escolha de Aziz visa, portanto, atender a uma demanda dos governistas, que desejam que o cargo seja ocupado por um membro com perfil considerado “moderado”.
Representantes do PT na CPI
No campo do PT, partido do presidente Lula, a expectativa é que o deputado Paulo Pimenta (RS), ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, ocupe uma das duas vagas titulares atribuídas à legenda, enquanto a segunda ainda não foi definida, conforme declarou o líder do partido na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).
A expectativa para a CPI do INSS é alta, com início dos trabalhos previsto para o segundo semestre deste ano. A proposta de criação do colegiado partiu da deputada Coronel Fernanda (PL), e atende a uma demanda social de maior controle sobre as práticas dentro do INSS, especialmente em tempos de política tão polarizada.
Os desdobramentos desta CPI prometem intensificar a já acirrada disputa política no Congresso, podendo gerar reflexões importantes sobre a situação previdenciária no Brasil e a ação do governo diante das irregularidades denunciadas.
Para a população, o acompanhamento de como essas questões serão debatidas e resolvidas no âmbito da CPI é crucial, uma vez que envolve diretamente o futuro do sistema previdenciário nacional e os direitos dos cidadãos.