Brasil, 19 de junho de 2025
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Copom sinaliza pausa no ciclo de alta de juros, mas mantém porta aberta para reajustes

Decisão do Banco Central gerou cautela no mercado ao indicar fim de ciclo de alta, mas alertar que pode retomar elevação da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (5) que irá interromper temporariamente o ciclo de aumento da taxa de juros, Selic, mas deixou claro que não descarta novos ajustes, caso as condições econômicas exijam. A decisão foi interpretada pelo mercado como um sinal de cautela, reforçando a postura de vigilância do Banco Central diante da inflação e do cenário externo.

Decisão e mensagem do Copom sobre o ciclo de alta de juros

O BC afirma no comunicado que o ciclo de alta foi pausado para avaliar os efeitos acumulados do aumento anterior, que elevou a Selic em 4,5 pontos percentuais. Segundo o documento, o BC continuará monitorando fatores como câmbio, inflação de serviços e expectativas, essenciais para decidir os próximos passos. “Seguir vigilante, ajustar a política monetária e retomar o ciclo se necessário”, destacou o texto.

Visão dos economistas sobre a indicação de pausa

Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, aponta que a mensagem do BC mostrou preferência por ampliar sua margem de segurança na condução da política monetária. “A decisão de elevar 0,25 ponto percentual, apesar de parecer neutra, tem um peso simbólico de que o banco prefere precaução diante dos riscos inflacionários”, explicou.

Principais pontos do comunicado analisados

Padovani comenta que o primeiro é o balanço de riscos, que revela preocupações com o câmbio, inflação de serviços e expectativas inflacionárias mais elevadas. O segundo ponto é a interrupção do ciclo — não com a intenção de encerrá-lo de forma definitiva, mas para aguardar os efeitos dos ajustes já feitos, mantendo a possibilidade de recomeço do aumento da taxa.

O especialista também destaca o uso do termo “bastante prolongado” para a manutenção da Selic, estratégia que visa evitar uma expectativa de flexibilização precoce. Isso demonstra o compromisso do BC com a meta de inflação, mesmo com o cenário externo adverso e os sinais de moderada atividade econômica.

Impactos e perspectivas futuras

Segundo analistas, a decisão do BC, ao sinalizar que o ciclo está parado, mas sem descartá-lo, busca equilibrar a tentativa de desacelerar a economia com a necessidade de evitar um afrouxamento das condições financeiras. “O Banco Central quer frear o excesso de otimismo do mercado de juros futuros, que costuma antecipar cortes que ainda não têm respaldo no cenário econômico atual”, esclarece Padovani.

Andrea Damico, economista-chefe da Amor, afirma que a sutileza nas palavras do comunicado, aliada ao agravamento das condições externas, justifica uma pausa na alta dos juros. “A mudança no tom de linguagem, com menções a um cenário de crescimento moderado e menor dinamismo no mercado de trabalho, indica uma cautela maior”, explica.

Cenário externo e internos influenciam a decisão

O comunicado também faz referências às tensões geopolíticas e à política fiscal dos Estados Unidos, além de pontuar que a atividade econômica doméstica apresenta sinais de arrefecimento. “Tudo isso reforça que o Banco Central está atento às dificuldades externas, que podem impactar a trajetória da inflação”, analisa Rodolfo Margato, da XP.

Ele reforça que a manutenção do tom de vigilância, com a possibilidade de retomar o ciclo de alta, demonstra um Banco Central independente e focado na convergência inflacionária, mesmo em um cenário de instabilidade global.

Próximos passos e expectativas

Segundo especialistas, o Banco Central deve aguardar a divulgação de novos dados econômicos, especialmente relacionados à inflação de serviços e às expectativas do mercado, antes de definir novos movimentos. A expectativa é de que o colegiado mantenha a postura de cautela, aguardando sinais mais claros de que a inflação está convergindo para a meta estabelecida.

Com essa estratégia, o BC busca evitar um ciclo vicioso de ajustes de juros que possam prejudicar o crescimento econômico de forma mais duradoura, enquanto mantém o combalido controle inflacionário.

Fonte: O Globo

Tags: política monetária, juros, Copom, Selic, inflação, cenário externo

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