A organização Caritas Jerusalém enfrenta uma realidade cada vez mais crítica na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, onde as necessidades humanitárias se intensificam em meio a um contexto de pobreza e conflitos. Anton Asfar, diretor da instituição, descreve a situação na região como uma zona de “não direito”, marcada pela devastação e pela falta de recursos essenciais para a sobrevivência da população.
Ações da Caritas em meio ao caos
Após os recentes ataques israelenses, que começaram em junho, a Caritas Jerusalém se viu obrigada a suspender temporariamente suas atividades para avaliar os riscos de continuar sua ação humanitária. Contudo, diante das enormes necessidades, Asfar organizou a retomada das operações rapidamente. “Estamos na linha de frente para levar ajuda à população e, como grande organização e ‘braço social’ da Igreja, devíamos continuar nosso trabalho”, enfatiza.
Falta de medicamentos e alimentos
A situação na Faixa de Gaza é descrita como catastrófica, com os membros da Caritas trabalhando em condições extremamente difíceis. Seus 122 profissionais estão distribuídos em dez unidades médicas, realizando atendimentos sob bombardeios e enfrentando a morte de civis diariamente. Os hospitais, como o Al-Ahli, parceiro da Caritas, enfrentam uma grave escassez de medicamentos, alimentos e até mesmo água potável. “Trouxemos todo o equipamento que pudemos durante o recente cessar-fogo, mas agora nossos estoques estão acabando”, lamenta Asfar.
A situação em Gaza é alarmante, com crianças descalças scavenging em lixeiras em busca de restos de comida. As distribuições de alimentos frequentemente resultam em tumultos, algumas vezes até em tragédias.
Bombardeios constantes e desafios na paróquia
Os cristãos da região também enfrentam momentos de desespero. Muitos residentes, incluindo aqueles que se refugiam na paróquia latina de Gaza, vivem sob a constante ameaça de bombardeios. O padre Gabriel Romanelli, da Sagrada Família, comunica-se com a Caritas quando possível, mesmo lutando para encontrar sinal de telefone em meio aos ataques.
Para Asfar, o risco de operar na região é uma fonte eterna de preocupação. “A situação se tornou tão perigosa que não queremos colocar nossas equipes em risco”, afirma o diretor da Caritas.
Desafios na Cisjordânia
Além da Faixa de Gaza, a situação na Cisjordânia também é descrita de maneira preocupante. Asfar relata sobre novos muros e postos de bloqueio, que paralisam as comunidades e impedem o livre movimento. “A Cisjordânia está praticamente paralisada. Vi mudanças significativas no que deveria ser um espaço de movimentação livre”, comenta.
As dificuldades na agricultura e na economia aumentam significativamente devido às restrições impostas por esses novos bloqueios. Com cerca de 200 mil pessoas desempregadas, a situação se agrava ainda mais com a suspensão das peregrinações à Terra Santa.
Apoio aos refugiados internos
Um dos focos da Caritas é a ajuda aos mais de 40 mil refugiados que vivem em campos na Cisjordânia, como Jenin, Nour Shams e Tulkarem. “Essas pessoas não têm nada e precisam de alimentos e itens básicos de higiene. Estamos fazendo o nosso melhor para ajudá-los e planejamos lançar campanhas de apoio médicos e psicossociais”, diz Anton Asfar.
Ele ressalta que, apesar dos desafios, é fundamental continuar a oferecer ajuda e manter viva a esperança na comunidade, aguardando também o apoio da comunidade internacional. “Estamos tentando replantar a esperança na população, para que ela seja mais resiliente”, conclui Asfar, determinado em sua missão de fazer a diferença em meio ao caos e à devastação.
É um momento crítico para a Caritas Jerusalém e outras organizações humanitárias que operam nesta área devastada, e a necessidade de apoio contínuo é vital para a sobrevivência dos habitantes.
Leia mais sobre a situação no artigo completo da Caritas Jerusalém [aqui](https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-06/caritas-jerusalem-cisjordania-gaza-necessidade.html).