Caroline Koziol, de 21 anos, iniciou uma ação judicial contra TikTok e Meta, alegando que o design de suas plataformas contribuiu para seu transtorno alimentar. A disputa faz parte de uma ação coletiva com mais de 1.800 participantes, que busca responsabilizar empresas pelo impacto na saúde mental de jovens nos Estados Unidos.
Como as redes sociais influenciaram o quadro de Caroline Koziol
Durante a pandemia, Koziol buscou rotinas de exercícios e receitas saudáveis nas redes sociais. No entanto, suas feedings no Instagram e TikTok logo passaram a exibir conteúdos promovendo exercícios extremos e padrões de beleza disfuncionais. “Uma busca inocente virou esse avalanche”, relata ela, refazendo sua trajetória de luta contra a anorexia.
Antes da crise, Caroline era nadadora competitiva, mas sua saúde deteriorou-se a ponto de quase desmaiar na piscina. Ela relata que, na época, seu treinador simplesmente sugeriu alimentar-se melhor, mas ela sabia que o problema era mais complexo.
A acusação contra TikTok e Meta na ação coletiva
Os processos alegam que as plataformas são “ viciantes e perigosas”, além de terem priorizado o crescimento econômico a despeito dos efeitos na saúde dos jovens. Segundo os autores da ação, as empresas tentaram criar produtos que mantêm os usuários engajados, independentemente do impacto psicológico.
Além de Caroline, o processo envolve pais de vítimas, escolas, governos locais e 29 procuradores-gerais estaduais. A expectativa é que o caso seja julgado na Corte Federal do Distrito Norte da Califórnia na próxima primavera.
Dados que reforçam a preocupação com saúde mental
Estudos indicam que jovens que usam mais de três horas por dia nas redes sociais têm o dobro de risco de desenvolver sintomas de depressão e ansiedade. Segundo uma pesquisa de 2023, 60% do aumento na depressão clínica entre jovens ocorreu entre 2017 e 2021, período de aumento do uso de redes sociais, conforme dados do Gallup.
O ex-secretário de Saúde dos EUA, Vivek Murthy, defende a instalação de alertas similares aos do cigarro, alertando para os riscos associados às plataformas digitais.
Impacto das redes sociais na juventude e perspectivas futuras
Especialistas afirmam que o problema não é apenas o tempo de uso, mas os conteúdos direcionados por algoritmos que promoveriam padrões prejudiciais à autoestima e saúde mental. Segundo o Dr. S. Bryn Austin, professora da Harvard, as empresas de tecnologia estão “perseguindo” os jovens por meio de algoritmos que os encontram independentemente de suas ações.
Em meio às discussões, esforços legislativos para regular as redes sociais avançam lentamente, enquanto o processo judicial surge como uma esperança de responsabilização. Como assinala o advogado Previn Warren, co-líder do caso, trata-se de uma “operação coordenada de famílias e procuradores que lembra movimentos na crise do opioide”.
Perspectivas de consequências e mudanças no setor
Se for bem-sucedida, a ação pode estabelecer precedentes importantes, reforçando a necessidade de maior fiscalização e transparência na criação de produtos digitais voltados a adolescentes. A batalha judicial ainda aguarda seus desdobramentos, mas já evidencia o debate sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens.