O ex-presidente Donald Trump reforçou nesta segunda-feira sua animosidade com Tucker Carlson, ex-aliado e apresentador de destaque, acusando-o de não merecer atenção em relação às ações militares de Israel contra o Irã. A disputa reflete uma fragmentação no espectro político norte-americano, envolvendo opiniões sobre política externa e alinhamentos ideológicos.
Trump critica Carlson e a preocupação com o Irã
Durante entrevista coletiva, Trump afirmou que Carlson, que apresentou preocupações sobre uma possível guerra nos Estados Unidos, não possui relevância no cenário atual. “Ninguém está prestando atenção no Carlson ou nas preocupações dele com Israel e o Irã”, declarou Trump. Segundo ele, a responsabilidade pelas ações militares é de quem apoia Israel, e a narrativa de que o país estaria isolado na questão é falsa, reforçando o seu posicionamento de política externa centrada na prioridade nacional.
Preocupações de Carlson sobre o envolvimento dos EUA
Por sua vez, Tucker Carlson manteve uma postura crítica à possibilidade de os EUA entrarem em mais conflitos na região. Em transmissão no podcast de Steve Bannon, na última segunda-feira, Carlson afirmou que os Estados Unidos estão à beira de “participar de uma guerra que prejudicará gravemente o país”. “Não quero que minha nação seja enfraquecida ou destruída por mais um conflito como esse”, destacou, reiterando seu desejo por uma postura mais isolacionista e cautelosa diante das tensões no Oriente Médio.
Conflito público após ataque israelense no Irã
O desentendimento entre Trump e Carlson ganhou novos contornos após um ataque israelense que causou a morte de centenas de iranianos na última quinta-feira. Carlson criticou duramente a postura de Trump, destacando que o apoio financeiro e militar a Israel, promovido pelo ex-presidente, colocou os Estados Unidos no centro de uma crise que pode evoluir para uma guerra de proporções maiores.
“Embora o exército norte-americano não tenha executado diretamente o ataque, os anos de financiamento e envio de armas a Israel, que Trump comemorou publicamente, colocaram os EUA à frente dos eventos”, afirmou Carlson em sua newsletter de sexta-feira.
Resposta de Trump e exposição de posição
Na última sábado, Trump respondeu às declarações de Carlson em uma entrevista na revista Atlantic, defendendo seu legado de “America First”. “Sou o responsável por esse conceito e decidi que proteger nossos interesses é prioridade. Não se pode manter a paz se Irã possuir armas nucleares”, afirmou, reforçando a posição dura contra o programa nuclear iraniano.
“O povo iraniano não é meu inimigo”, acrescentou, ao também afirmar que não concorda com um confronto militar unilateral. “Não quero que os Estados Unidos se envolvam em mais guerras que possam destruir nossa nação”, completou.
Perspectivas futuras e impacto na política norte-americana
Especialistas avaliam que a divisão entre Trump e Carlson reflete uma fragmentação no discurso político sobre o papel dos EUA no Oriente Médio. Com ambos expressando visões distintas — o ex-presidente defendendo uma postura agressiva e Carlson preferindo o isolamento — o cenário indica que o debate sobre intervenção militar continuará acalorado nos próximos meses.
A continuidade dessa disputa pública pode influenciar as próximas eleições presidenciais, ao mesmo tempo em que expõe as diferenças internas na oposição republicana e as implicações do retorno de Trump à política externa dos Estados Unidos.