Brasil, 18 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

A tradição de Fontainha no torcer brasileiro

Com humor e paixão, a figura de Fontainha inspira torcedores a seguirem a tradição de apoiar seu time, mesmo em momentos difíceis.

No cenário do futebol brasileiro, sempre existe espaço para recordar figuras icônicas que marcaram a relação entre torcedores e seus clubes. Recentemente, uma análise realizada pelo supercomputador da empresa Opta Analyst trouxe à tona uma perspectiva pouco otimista para Flamengo e Palmeiras no Mundial de Clubes, com apenas 0,3% de chance de retorno triunfante dos Estados Unidos. Entretanto, é nesse momento de incerteza que a tradição de torcer, como a de Joaquim Americano Fontainha, ganha vida.

A história de Fontainha e sua paixão pelo futebol

Nos anos 1920, os torcedores brasileiros não costumavam viajar junto com seus times. O cenário mudou com a chegada de Fontainha, um personagem que se destacou e se tornou a voz da torcida, trazendo uma nova dinâmica ao apoio aos times. Fontainha, conhecido por sua irreverência e amor pelo América, se vestia elegantemente e pulsava a paixão dos torcedores através de gestos carismáticos.

Esse Torcedor Talismã, como ficou conhecido, é uma referência de que a presença da torcida pode, de fato, influenciar o desempenho do time. Na histórica partida de 1929 contra o Santos, ele decidiu não descer do trem que leva os jogadores ao campo, e com sua presença mística, o América goleou por 4 a 1. Esse episódio marcou o início de uma nova era no torcer, onde a euforia e a devoção passaram a contar muito mais.

Legados dos torcedores

A influência de Fontainha pode ser vista nas diversas torcidas que se formaram ao longo das décadas. Legendas do Flamengo, como Jayme de Carvalho e Dona Laura, continuaram a tradição de representar a paixão do time com fervor, trazendo um ar de comunhão e festividade aos jogos. O sentimento de pertencimento e a identidade forjada pelo torcedor são o verdadeiro combustível das conquistas e derrotas de um time.

Recentemente, ao sair do estádio das Águias na Filadélfia, um torcedor vestido com asas e elementos que remetem a um anjo, nos lembrou que essa tradição ainda vive. Os torcedores do Flamengo e Espérance não comemoravam somente pelo que acontecia dentro de campo, mas também por parte da rica cultura que o futebol brasileiro carrega, descrita como um “jogo de pelota rico de música e cores” por poetas.

A força da torcida mesmo diante das adversidades

Embora a vitória não tenha sido alcançada na última partida, a energia nas arquibancadas mostrou que a tradição e a paixão pelo futebol estavam vivas. A festa se estendeu e, inclusive, ganhou destaque na mídia local, como no “The Philadelphia Inquirer”. O samba embalançou a noite, e a comunidade flamenguista em Nova Jersey tornou-se uma aliada fervorosa, reafirmando que o torcer vai além do resultado do jogo.

Voltando à hospedagem, as esperanças continuavam a fluir com a cantoria que ecoava pelo ar: “Ô Supercomputador, pode esperar! A tua hora vai chegar…” Embora a vitória estivesse distante, a chama do torcedor persistia, repleta de alegria e convicção. A memória de Fontainha permanece viva, incentivando a continuidade de uma tradição que conecta gerações a um passado glorioso e a um futuro cheio de possibilidades.

A história de Fontainha é um lembrete poderoso de que a verdadeira paixão pelo futebol não se baseia apenas nas estatísticas ou probabilidades. É sobre a conexão, a emoção e a celebração de cada ideal que o esporte representa. Mesmo quando os supercomputadores apontam para a derrota, a jornada dos torcedores brasileiros, como Fontainha ensinou, é repleta de corações pulsantes, esperando sempre por um novo triunfo que pode estar a um torneio de distância.

*Marcelo Dunlop é o cronista rubro-negro da ‘On Tour’, coluna do GLOBO que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes