Neste fim de semana, uma parada militar em Washington, DC, que celebrava o Dia da Bandeira e os 250 anos do Exército dos EUA, chamou atenção pela falta de sincronismo e energia dos soldados. Muitos especularam que a má atuação poderia refletir protesto ou descontentamento, mas uma ex-militar explica que fatores de cansaço e motivações políticas explicam o ocorrido.
Por que os soldados marcharam de forma tão descoordenada na parada de Trump?
Charlotte Clymer, ativista e ex-militar que serviu na Army entre 2005 e 2012, incluindo três anos na 3ª Infantaria dos Estados Unidos (The Old Guard), analisou o episódio. “Eu realizei centenas de desfiles e cerimônias, além de funerais em Arlington. Durante toda essa experiência, o treinamento de marcha é rígido e repetitivo”, ela afirma.
Ao assistir aos vídeos do evento, Charlotte disse ter ficado surpresa e até chocada. “Nunca imaginei que veria algo assim na minha vida. A má qualidade da marcha foi gritante, apesar de parecer apenas uma apresentação cívica”, ela explica.
Entendendo a disciplina militar e suas consequências
A importância do treinamento e padrão
Ela reforça que a disciplina e o desempenho ao cumprir padrões são essenciais na formação militar. “Soldados aprendem a marchar durante o treinamento básico, que é simples e direto. Aquele que não desempenha bem geralmente fez uma tremenda preparação para evitar erros”, ressalta. Além disso, há ensaios preparatórios específicos para grandes eventos.
Por que, então, a qualidade foi tão baixa?
Para Charlotte, o motivo não foi uma protesto contra Trump nem uma questão de apoio ou desacordo político. “Os soldados estavam cansados, irritados, possivelmente com raiva. Eles simplesmente não se importaram o suficiente para seguir o padrão de excelência”, ela avalia.
Ela acredita que muitos estavam desmotivados devido às condições de hospedagem, ao cansaço de viagens longas e à sensação de que sua dignidade foi negligenciada. “A parada foi totalmente desnecessária e serviu basicamente para exaltar o ego de Trump”, diz.
Parada como símbolo político e resultado de tratamento inadequado
Charlotte compara o evento com a parada inaugural dos EUA, na qual “raramente se vê soldados fora de ritmo”. Ela considera a apresentação “profundamente embaraçosa” e uma demonstração de uma força militar que parece desconectada da disciplina tradicional.
“É como assistir a um jogo de baseball profissional e os jogadores perderem bolas fáceis. Uma cena surreal de constrangimento”, ela complementa, reforçando que o episódio pode afetar a imagem do exército perante países e aliados.
Reflexos na atuação militar e no contexto político
Ao falar sobre possíveis usos do Exército em protestos civis, Charlotte reforça que a força deve ser não partidária e focada na Constituição. “Se há dissensão ou descontentamento, isso mostra que o espírito de lealdade e disciplina pode estar comprometido”, ela alerta.
A especialista conclui que a competição de poder e a má gestão do evento refletiram uma frustração acumulada na tropa, deixando claro que o episódio foi mais do que uma questão de marcha desajeitada — foi uma reação a um momento de desrespeito e manipulação política.
Para quem deseja entender mais sobre os detalhes do desfile, Charlotte recomenda a leitura de seu artigo completo na Substack: Charlotte’s Web Thoughts.