Brasil, 17 de junho de 2025
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A recuperação da aprovação do governo Lula esbarra em crise do INSS

A crise do INSS afeta a imagem do governo Lula, que poderia ter índices de aprovação mais altos, aponta Felipe Nunes.

O cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes, trouxe à tona informações preocupantes sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira. De acordo com Nunes, a crise de imagem gerada pelos desvios nas aposentadorias e benefícios pagos pelo INSS pode custar até quatro pontos percentuais na aprovação do governo. Em uma análise profunda do cenário político atual, o especialista destacou que a popularidade da gestão poderia estar além do que as pesquisas têm mostrado, caso não fosse essa crise.

Pesquisas e sua relação com a imagem do governo

Pesquisas realizadas por institutos renomados, como a Quaest, Datafolha e Ipsos-Ipec, revelaram uma elevação significativa da rejeição ao governo Lula, situação que não apresenta sinais de recuperação mesmo diante de indicadores econômicos que apontam melhora. Em uma comparação direta com a administração anterior, muitos brasileiros consideram o governo atual pior que o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os dados recentes demonstram que a situação política está longe de ser favorável para a atual gestão.

Nunes enfatiza durante entrevista ao programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, que “se não fosse o INSS, o governo teria um resultado de quatro pontos percentuais maior de aprovação.” Isso indica que o obstáculo criado pela crise do INSS não apenas impede a recuperação da popularidade, mas também perpetua uma sensação de instabilidade entre os eleitores. “O governo não está conseguindo construir confiança e credibilidade com as pessoas,” afirma Nunes, ressaltando que a falta de um plano de comunicação claro tem prejudicado a percepção pública sobre as ações do governo.

Desafios na comunicação e no cenário eleitoral

Outro ponto destacado por Nunes é a dificuldade do governo em engajar a população nas redes sociais. Enquanto a oposição tem conseguido estreitar laços com os eleitores, como exemplificado pelo sucesso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), a comunicação do governo enfrenta verdadeiros desafios, tornando a tarefa de melhorar sua imagem ainda mais complicada.

De olho nas eleições de 2026, Nunes observa que tanto Lula quanto Bolsonaro são fatores decisivos para o resultado, independentemente de estarem ou não nas urnas. Ele acredita que a polarização política cristalizou as escolhas da maioria do eleitorado, deixando apenas cerca de 10% da população em disputa. Essa mudança nas dinâmicas eleitorais está fortalecendo novas forças políticas e alterando a percepção dos eleitores sobre os benefícios sociais e a atuação do Estado.

A nova face do eleitor brasileiro

O cientista político coloca em perspectiva uma nova classe de eleitores que emergiu nos últimos anos. Ele menciona que muitos indivíduos que antes se identificavam com partidos tradicionais, como o PSDB, mudaram suas preferências e agora compõem um grupo que se sente “dono do próprio nariz”, tornando-se mais críticos em relação ao papel do governo. Nunes enfatiza que as grandes cidades, como São Paulo, ainda guardam os maiores estoques de votos em disputa, onde as transformações na percepção do eleitor são mais evidentes.

“Temos um eleitor aborrecido, crítico, exigente”, explica Nunes. Este novo perfil de eleitor não hesita em exigir resultados efetivos do governo, o que representa um desafio futuro considerável para a gestão. Além disso, a diminuição do medo de perder benefícios sociais — uma sensação que estava presente durante o governo Bolsonaro — reflete uma mudança significativa na mentalidade da população. Atualmente, 70% dos brasileiros não se sentem ameaçados em relação à perda de benefícios sociais, o que contribui para um eleitor mais atuante e com sua própria opinião sobre a política.

Essa nova dinâmica também leva a uma reflexão sobre o que Nunes chama de “o problema do incumbente”, onde, mesmo com resultados positivos, a insatisfação do eleitor persiste, representando um desafio inédito para a governança de Lula. Esse panorama reflete a necessidade de estratégias de comunicação mais eficazes e uma abordagem mais sensível às preocupações e expectativas dos cidadãos.

Conforme a situação política e social se desenrola, as análises de Felipe Nunes ajudam a compreender os desafios que o governo Lula enfrenta para recuperar a confiança da população e administrar um país que se mostra cada vez mais crítico e exigente.

Esta reportagem está em atualização

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