Um caso chocante de estelionato foi registrado no Distrito Federal, onde um casal foi preso na última sexta-feira (13) por utilizar imagens de uma criança que lutava contra o câncer para aplicar golpes na internet. Yara Rohsner, uma menina de 7 anos do Espírito Santo, tornou-se um símbolo de coragem e resiliência ao lutar contra o neuroblastoma. Sua história, que comoveu o Brasil, foi explorada por criminosos que arrecadaram pelo menos R$ 60 mil em campanhas falsas de doação.
A luta de Yara Rohsner e o uso indevido de sua imagem
Yara foi diagnosticada com neuroblastoma em 2020, um tipo de câncer que afeta o sistema nervoso. Durante sua batalha contra a doença, a menina emocionou o país ao cantar “Let it Go” em um hospital, celebrando uma cura parcial. Infelizmente, após 232 sessões de quimioterapia, Yara veio a falecer em janeiro de 2025. Sua família, que residia em Vitória, forneceu todo apoio em sua luta, incluindo a ida para um tratamento nos Estados Unidos, onde ela participava de um estudo clínico que poderia aumentar suas chances de recuperação.
Investigações surgem após denúncia da família
As investigações sobre os golpes começaram quando a mãe de Yara procurou a polícia no Espírito Santo, alertando sobre uma campanha fraudulenta que utilizava a imagem da filha enquanto ela ainda estava viva. O delegado chefe da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Brenno Andrade, explicou que a mãe ficou alarmada ao descobrir que criminosos estavam arrecadando fundos de maneira indevida: “A própria mãe da criança procurou a polícia para informar que teve uma campanha falsa de arrecadação de fundos utilizando a imagem da filha dela,” disse Andrade.
Operação policial e captura dos suspeitos
Após a denúncia, as autoridades iniciaram uma investigação que levou à localização dos golpistas em Riacho Fundo I, no Distrito Federal. Na operação, os policiais realizaram mandados de busca e apreensão, resultando na prisão de um jovem de 21 anos e sua ex-namorada, de 22 anos, que confessaram os crimes. Eles admitiram que buscavam imagens de crianças com doenças graves para aplicar golpes de arrecadação falsa.
A polícia descobriu que, além da campanha envolvendo Yara, outros sete golpes estavam em andamento, todos utilizando imagens de crianças doentes. Desde 2022, a dupla havia feito várias arrecadações fraudulentas, mas foram identificados apenas quando publicaram a vaquinha falsa com Yara.
Os impactos e o uso do dinheiro arrecadado
Os criminosos utilizavam o dinheiro que arrecadavam de doações falsas para abrir comércio e adquirir bens de luxo. Embora os valores exatos arrecadados ainda não tenham sido divulgados, os policiais afirmaram que o impacto de suas ações prejudicou diretamente a credibilidade de campanhas legítimas que realmente buscam auxílio para crianças doentes.
A polícia também está em busca de uma terceira mulher, que seria responsável pelas contas onde as doações eram depositadas. “Ainda falta a prisão de uma. Ela não estava localizada em Brasília. A polícia continua a investigação para descobrir em que estado ela está,” completou Andrade.
Possíveis consequências legais
Os três envolvidos no esquema podem enfrentar acusações de associação criminosa e estelionato através de fraude eletrônica, com penas que variam de 4 a 8 anos de reclusão. O caso acendeu um alerta sobre a vulnerabilidade de campanhas de doações online e a importância de verificar a autenticidade das arrecadações, principalmente aquelas que envolvem histórias emocionantes.
A história de Yara, agora repleta de tristeza e indignação pela exploração de sua imagem, nos lembra da importância de proteger as vítimas e suas famílias e da necessidade de um sistema mais rigoroso para fiscalizar campanhas de arrecadação na internet.
Como se proteger de fraudes online
Para prevenir situações similares, órgãos de defesa do consumidor e a polícia recomendam que os cidadãos sempre verifiquem a veracidade das campanhas de arrecadação. Isso inclui pesquisar sobre a origem, conferir se a instituição é reconhecida e buscar informações adicionais se algo parecer duvidoso. O apoio a ações legítimas é vital, mas a segurança e a proteção contra fraudes são ainda mais importantes.
É essencial que a sociedade se una para proteger os mais vulneráveis e garantir que suas histórias não sejam usadas para enriquecimento ilícito de outros.