A cidade do Rio de Janeiro já respirava o clima contagiante da Maratona do Rio, uma das maiores celebrações de corrida da América Latina. Com a largada oficial marcada para quinta-feira, com a prova de 5km, as expectativas se aquecem ainda mais com o grande encontro dos grupos de corrida, conhecidos como crews, que acontecerá na Zona Portuária a partir das 19 horas. Três crews tradicionais da cidade — Rexpeita, 5am e Arte e Corre Crew — estão organizando um evento especial que deve reunir cerca de 25 grupos de corredores.
Um encontro por e para corredores
O evento, denominado “shakeout das crews”, nasceu de uma iniciativa independente e não tem ligação direta com a organização da Maratona do Rio. De acordo com Felipe Salgado, um dos sócios-fundadores do Rexpeita, a proposta é criar “uma celebração da corrida, feita pelos corredores, para os corredores”. Ele espera reunir aproximadamente 500 pessoas em um ambiente descontraído, onde todos poderão desfrutar de um “corre leve” de 3km, seguido por uma resenha animada.
A ideia dos “shakeouts”, eventos que ocorrem em épocas próximas a competições importantes, já é comum em outros países e, segundo Felipe, trazer essa prática para o Rio é uma forma de fortalecer a comunidade local de corredores. “Queremos produzir algo da comunidade corredora para a própria comunidade corredora, dando protagonismo a quem realmente move a corrida no Brasil”, afirma ele.
Otom de camaradagem entre os grupos
O convite para o evento sugere que cada crew leve sua própria caixa de som e se vista da maneira que preferir, criando uma atmosfera descontraída. “Vai ser uma bagunça organizada”, garante Felipe, que já promove encontros semanais há algum tempo. “Aqui, cada um pode se expressar como quiser, e o importante é compartilhar o amor pela corrida”, complementa.
Felipe também destaca que o evento não é uma competição com a Maratona do Rio, já que muitos dos participantes estarão envolvidos nas provas de quinta a domingo, incluindo ele mesmo, que vai correr os 42km. “A Maratona do Rio traz gente do país inteiro e queremos nos conectar com grupos de outras cidades, pessoas que admiramos”, explica.
Construindo uma comunidade conectada
A importância do shakeout também é ressaltada por Victor Hugo, um dos fundadores do 5am. Inicialmente, as crews pensaram em realizar celebrações individuais, mas perceberam que isso não ajudaria na união da comunidade. “Esse shakeout é para festejar a corrida e o poder das nossas comunidades”, afirma. Ele acredita que a Maratona do Rio tem crescido graças ao trabalho diário das crews que incentivam a prática esportiva em suas localidades.
Para Victor, a corrida de rua é um poderoso agente de união. “Juntos somos fortes. Estamos felizes e honrados de proporcionar esse encontro. É um momento para ir além dos egos e das marcas, em prol de algo em que todos acreditamos – levar a saúde e o esporte para mais pessoas”, diz ele, ciente da responsabilidade que vem com a construção de uma comunidade ativa.
Da mesma forma, Pedro Caetano, fundador do Arte e Corre Crew, destaca que a dificuldade de cada crew em se reunir no dia a dia torna o shakeout ainda mais significativo. “Encontrar tantas pessoas que também amam a corrida é uma celebração e uma grande comemoração”, observa Pedro, que infelizmente não poderá correr na maratona devido a uma lesão. “Queremos apenas curtir e não trabalhar como fazemos em nossos encontros regulares”, comenta, em tom descontraído.
Expectativas para a Maratona do Rio
De acordo com dados da organização da Maratona do Rio, cerca de 85% dos inscritos para os eventos de quinta a domingo vêm de fora da cidade, com a maioria vindo de São Paulo. Essa diversidade de participantes é um dos atrativos principais da maratona, que reveste o evento de um caráter ainda mais festivo e comunitário.
O shakeout das crews, portanto, aparece como uma bela oportunidade de incentivo ao esporte e à saúde, além de promover a união entre corredores de diferentes locais. A expectativa é de que, ao fim do encontro, todos se sintam conectados e prontos para os desafios da maratona, celebrando não apenas o esporte, mas a força da comunidade que faz Jerusalém correr.