No Brasil, as políticas de licença-maternidade e paternidade ainda deixam a desejar em relação ao período crucial de adaptação após o nascimento de um filho. Assim como nos Estados Unidos, muitas empresas não oferecem um período de transição, uma fase que pode ser decisiva na saúde mental e na continuidade profissional dos pais.
O que é o mês de transição e por que ele é necessário
O mês de transição consiste em uma redução gradual de horas de trabalho ou uma adaptação no calendário laboral após a licença parental. Essa prática permite que pais e mães recuperem a rotina, ajustem-se às demandas do cuidado infantil e preservem sua saúde mental.
Segundo estudos internacionais, a volta direta ao trabalho após o período de licença pode gerar níveis elevados de estresse, ansiedade e até depressão, levando muitas ao abandono da carreira. Nos Estados Unidos, um quarto das mulheres deixam a força de trabalho no primeiro ano após a maternidade, problema que poderia ser amenizado com uma adaptação mais cuidadosa.
Experiência pessoal e benefícios comprovados
Especialistas e pais relatam que a implementação de um período de transição é fundamental. Como exemplos na sociedade e no mercado de trabalho, países europeus já adotam políticas que permitem uma readaptação gradual. No Brasil, ampliar essa prática pode reduzir o burnout, melhorar o bem-estar das famílias e facilitar a inclusão de ambos os gêneros no mercado de trabalho.
Empresas que adotam a fase de transição também se beneficiam. Pesquisas indicam que a flexibilidade reduz o turnover, aumenta o engajamento e melhora o desempenho dos colaboradores. “Dar tempo para se ajustar não é apenas acolhimento, é uma estratégia de retenção”, afirma a especialista em recursos humanos Ana Oliveira.
O que as empresas podem fazer
Implementar o mês de transição requer mudanças na política interna de RH, incluindo jornadas reduzidas, trabalho remoto ou horários flexíveis. Essas ações ajudam a criar um ambiente mais inclusivo e compreensivo, que valoriza a saúde emocional dos funcionários.
Além disso, é fundamental ampliar a conscientização sobre a importância desse período, incentivando uma mudança cultural que vista o cuidado familiar como um valor estratégico, e não um obstáculo à produtividade.
Perspectivas futuras no Brasil
Para que o mês de transição se torne uma prática comum, é necessário que legislações e acordos coletivos incentivem essa adaptação. A implementação de políticas públicas que apoiem a parentalidade responsável também desempenha papel fundamental nesse avanço.
O caminho para uma sociedade mais justa, saudável e produtiva passa por reconhecer que a saúde mental dos pais e a qualidade da maternidade e paternidade influenciam diretamente o desenvolvimento social e econômico do país.