A inflação no Brasil apresentou uma queda no mês de maio, gerando expectativas sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que ocorrerá nos dias 17 e 18 de junho. Os economistas se mostram divididos em relação a manter a taxa Selic em 14,75% ao ano ou elevá-la em 0,25 ponto percentual, em um cenário ainda incerto em relação à economia nacional.
Cenário Econômico e Expectativas do Copom
O Copom ainda não revelou qual será sua orientação futura sobre a política monetária, conhecida como “guidance”. Após sua última reunião, a ata destacou que a incerteza no cenário econômico exige uma abordagem cautelosa e flexível para controlar a inflação. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem se mantido discreto, brincando com as especulações sobre a reunião do comitê e pedindo calma aos observadores.
Com a inflação acumulada nos últimos 12 meses alcançando 5,32%, acima da meta de 4,5% estabelecida para 2023, especialistas acreditam que o Copom deve adotar uma postura cautelosa, postergando qualquer corte na taxa de juros. A situação ainda requer monitoramento rigoroso, uma vez que a inflação, apesar de ter desacelerado, permanece elevada.
Impacto do Ajuste Monetário
- A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.
- Um aumento na taxa de juros geralmente leva à redução do consumo e dos investimentos, além de tornar o crédito mais caro.
- Atualmente, a expectativa é de que a Selic continue próxima dos 15% ao ano durante o primeiro trimestre.
- Projeções para o futuro indicam que a taxa manter-se-á acima de dois dígitos durante o governo de Lula e o mandato de Galípolo no BC.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, acredita que o Copom deve manter a taxa em 14,75% nesta reunião, considerando que os dados sobre a atividade econômica, como a queda de 0,4% no varejo em abril, indicam uma desaceleração. Essa análise se alinha ao que foi observado na ata do Copom anterior, onde o comitê mencionou que a política monetária contracionista tem contribuído para a moderação do crescimento econômico.
O Que Dizem os Especialistas
Os especialistas abordam a situação com cautela. Vitoria observa que, além do IPCA de maio apresentar uma leve melhora, a condição do câmbio também é favorável. Contudo, a inflação ainda está bem acima da meta, e as expectativas do mercado demoram a se ajustar, mesmo com as medidas restritivas do Banco Central. O tom adotado provavelmente será cauteloso, evitando discussões prematuras sobre a redução da taxa de juros.
Pedro Vartanian Raffy, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, concorda que é provável que o ciclo de aperto monetário esteja chegando ao fim, mas destaca que o dinamismo da economia pode levar a mudanças nas expectativas no futuro próximo. Ele menciona que a manutenção da taxa Selic em 14,75% pode se prolongar até que a inflação mostre claros sinais de convergência com a meta do Banco Central.
Política Monetária e Resultados Econômicos
De acordo com Pedro Ros, CEO da Referência Capital, a política monetária mais restritiva está dando resultados, especialmente na desaceleração dos preços de alimentos e saúde. No entanto, ele enfatiza que, dado que a inflação acumulada ainda supera o teto da meta, o Copom deverá ser cuidadoso ao considerar mudanças na taxa de juros.
Projeções do Mercado Financeiro
O mercado financeiro está projetando que a Selic permaneça em torno de 14,75% ao ano até o final de 2025. Essas expectativas foram detalhadas no relatório Focus, que também traz previsões para anos subsequentes:
- 2026: Selic projetada em 12,50% ao ano.
- 2027: Expectativa de uma Selic de 10,50% ao ano.
- 2028: Estimativa continuando em 10% ao ano.
Portanto, os analistas não acreditam que a Selic retorne a um patamar abaixo de dois dígitos até o final do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, e até a conclusão do mandato de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central em 2028.
A próxima reunião do Copom, com a deliberação sobre a taxa Selic, será uma data importante para os investidores e para a população, que continuará a acompanhar o desenrolar da política monetária em resposta a um cenário econômico desafiador.