O Brasil acordou neste sábado, 14 de junho de 2025, com um profundo luto pela perda de uma de suas maiores vozes do samba: Ubirajara Félix do Nascimento, carinhosamente conhecido como Bira Presidente. O sambista, que lutava contra um câncer de próstata, partiu aos 88 anos, mas seu legado é uma chama que jamais se apagará.
A herança cultural de Bira Presidente
Bira não era apenas um artista; ele era o próprio samba, irradiando suas influências desde o subúrbio carioca. Fundador do bloco Cacique de Ramos e do célebre grupo Fundo de Quintal, ele trouxe à vida a essência do samba de raiz, pavimentando o caminho para que o gênero se tornasse uma das expressões mais autênticas da cultura brasileira.
Desde pequeno, Bira fez parte das rodas de samba ao lado de gigantes como Pixinguinha e Donga. Foi na comunidade de Ramos, onde cresceu, que desenvolveu sua paixão pela música e pela dança, encantando a todos com seu gingado e seu talento excepcional. Aos sete anos, já mostrava seu amor pelo samba, ensaiando na Mangueira e se solidificando como um dos grandes nomes do gênero.
O símbolo de resistência cultural
Além de seu talento musical, Bira era um verdadeiro líder comunitário. Filho de mãe de santo, ele representava a força da cultura afro-brasileira, sempre buscando promover a inclusão e a valorização de suas raízes. O Cacique de Ramos, que hoje é um símbolo de resistência e alegria, deve muito dessa trajetória ao seu idealizador, que com sua visão e compromisso fez com que esse espaço se tornasse um “Doce Refúgio” para tantos.
O Fundo de Quintal deve seu som único a Bira, que introduziu novos ritmos e instrumentos, como o tantã e o banjo, graduando a batida do samba e fazendo uma verdadeira revolução cultural. Sua presença na música popular brasileira foi crucial, tornando-se um elo entre o passado e as novas gerações, sempre com um sorriso nos lábios e um pandeiro na mão.
Reconhecimento e amor pelo samba

Bira Presidente
Bira, pai, avô e bisavô, era um homem apaixonado pelo seu time de futebol, o Flamengo, e um dançarino nas horas vagas. Sempre buscava tornar o mundo um lugar mais bonito e leve, e conseguiu isso através da sua arte. Canções como “O Show Tem Que Continuar”, “Miudinho, Meu Bem, Miudinho” e “A Amizade” são muito mais do que apenas letras; são expressões de sua essência e de sua conexão com a vida e a comunidade.
Hoje, enquanto o pandeiro silencia em sinal de respeito, o legado de Bira Presidente ressoa em cada roda de samba, em cada criança que aprende a tocar e em cada favela onde a arte se torna resistência. Seu espírito permanece vivo na história do samba e nas tradições que ele ajudou a preservar. Bira não partiu, ele se tornou eternidade, uma saudade boa e uma batida no coração do Brasil.
Descanse em paz, Bira Presidente. Obrigado por tudo!

Bira Presidente