Recentemente, circulou nas redes sociais um vídeo de uma típica cidade americana — com ruas tranquilas, bandeiras americanas e uma rotina pacífica — promovido por alguns conservadores como exemplo de “vida ideal”. No entanto, a cidade exibida não é uma pequena cidade tradicional, mas sim Rockford, em Michigan, um subúrbio de classe alta e com forte tendência a votar democraticamente. Essa desconexão evidencia como a narrativa de que cidades grandes e diversificadas, como Los Angeles, são “caóticas” ou “perigosas” é uma simplificação desumana e distante da realidade.
O que realmente caracteriza uma cidade “ideal”?
Nos vídeos e posts compartilhados por figuras como Charlie Kirk, a mensagem é clara: pequenas cidades, “patrióticas” e “brancas”, seriam o verdadeiro retrato do sonho americano. No entanto, esses lugares, como Rockford, voto majoritariamente à esquerda e são racialmente mais homogêneos, com grande porcentagem de habitantes brancos, fatores que contribuem para uma aparente sensação de segurança e ordem, mas que também escondem outras desigualdades.
Por outro lado, Los Angeles — uma cidade que abraça imigrantes, diversidade cultural e populações de diferentes classes sociais — é frequentemente demonizada por setores conservadores. A narrativa de caos, criminalidade e invasão de ilegalismos é alimentada por discursos de medo que encontram solo fértil em estereótipos, não na complexidade social da cidade.
As realidades por trás das imagens
Ao contrário do que alguns querem fazer parecer, Los Angeles não está “tomada por criminosos”, mas enfrenta uma operação de medo semelhante à que foi impulsionada pelo governo de Donald Trump, com ações do ICE que têm causado mais efeitos negativos na comunidade imigrante do que qualquer “ameaça” na rua. Protestos pacíficos têm sido frequentes, enquanto a presença de forças militares e de polícia aumentou drasticamente devido ao discurso de segurança nacional, criando ainda mais tensão na cidade.
Além disso, os dados mostram que a maior parte da população de LA busca viver suas vidas sem o caos que os discursos alarmistas propagam. Pesquisas indicam que a maioria da comunidade está concentrada na rotina de trabalho, cuidado familiar e realização pessoal — tudo sob a sombra da desinformação orquestrada pelos perfis que lucram ao alimentar o medo.
A montagem da narrativa “small town”
O vídeo de uma cidade “ideal”, usado por muitos conservadores, apresenta uma cena quase idílica de uma pequena cidade americana, com destaque para bandeiras, cavalos, feiras agrícolas e praia. No entanto, muitos perceberam que a cidade mostrada é Rockford, Michigan, um lugar de elevada renda, com tendências democratas e maioria branca. É justamente esse detalhe que revela como a ideia de “vida simples” e “segura” é muitas vezes uma caricatura que ignora questões raciais e econômicas.
Nos comentários, internautas destacaram a hipocrisia de associar “paz” a comunidades racialmente homogêneas. Como apontado por usuários, “é uma cidade branca, privilegiada e, claramente, distante da diversidade que define a América moderna”.
As implicações dessa narrativa na sociedade
Ao promover essa visão distorcida, setores conservadores reforçam estereótipos racistas e alienam parcela significativa da população, criando um falso dilema entre “cidade grande e perigosa” e “pequena e segura”. Essa estratégia de manipulação desperta medo, polariza ainda mais os debates públicos e dificulta o diálogo racional sobre problemas sociais, econômicos e raciais do país.
Enquanto isso, moradores de Los Angeles continuam vivendo suas rotinas, enfrentando desafios reais de uma cidade multicultural, e não um cenário de filme idealizado. A verdade é que a diversidade, quando bem gerida, enriquece o tecido social e cultural, ao contrário do que tentam pintar como “desordem” ou “caos”.
Para entender a complexidade das cidades americanas — e aqui, inclusive, das brasileiras — é fundamental olhar além das imagens simplificadas e reconhecer que o “ideal” é muito mais uma construção ideológica do que uma realidade concreta. A verdadeira questão reside na valorização da diversidade, do respeito às diferenças e na relação autêntica com as comunidades locais.
O que você acha dessa narrativa de “cidade ideal”? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate sobre o real retrato das cidades americanas e brasileiras.