Brasil, 15 de junho de 2025
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Igreja no Peru se une a comunidades indígenas para proteger a Amazônia

A Igreja trabalha em parceria com povos indígenas para proteger a Amazonas, enfrentando desafios ambientais e crimes organizados.

Nas áreas mais periféricas do Peru, especialmente na fronteira norte com o Equador e a Colômbia, a Igreja Católica está intensificando seus esforços para proteger o meio ambiente natural, em colaboração com comunidades indígenas. O bispo do Vicariato Apostólico de Iquitos, Miguel Ángel Cadenas Cardo, descreve a Amazônia peruana como uma “grande zona de sacrifício”, onde as ameaças de desmatamento, poluição e atividades ilegais estão cada vez mais presentes.

Ameaças à Amazônia peruana

A Amazônia é um ecossistema vital, mas enfrenta sérios desafios. As comunidades indígenas, especialmente aquelas que habitam regiões remotas, vivem sob constante ameaça de atividades ilegais e deterioração ambiental. Segundo reportagens locais, um grave derramamento de petróleo no oleoduto Norperuano resultou na morte de 11 pessoas, incluindo seis crianças do povo indígena Achuar, no Departamento de Loreto. A água, que sempre foi uma fonte de vida para essas comunidades, agora causa doenças. Aproximadamente 70 pessoas foram intoxicadas por metais pesados, destacando a gravidade da situação.

Com um histórico de incidentes como esse, o bispo Miguel Ángel Cadenas Cardo afirma que, embora não seja fácil estabelecer um vínculo direto entre a poluição e as mortes, é inegável que as comunidades locais sofrem enormemente devido à falta de água limpa e alimentos. Ele ressalta que muitos derramamentos de petróleo ocorreram na sua experiência missionária, mas a devastação provocada se torna cada vez mais alarmante.

Amazônia: uma zona de sacrifício

O prelado destaca que os rios da Amazônia estão em perigo. Ele menciona que, mesmo com os alertas do Papa Francisco sobre a necessidade de uma nova abordagem energética, a exploração do petróleo continua a ser uma prioridade, resultando em graves danos ambientais. O Departamento de Loreto é caracterizado como uma “zona de sacrifício”, onde os povos indígenas não apenas enfrentam devastação ambiental, mas também são marginalizados em relação aos benefícios econômicos decorrentes das atividades exploratórias.

“Essas comunidades não se beneficiam em nada da mineração e sofrem com a contaminação de metais pesados,” afirma Cadenas Cardo, que também destaca a necessidade urgente de uma reflexão teológica sobre esse conceito de “zona de sacrifício”. No entanto, a presença da Igreja nessas áreas ainda é escassa, com poucos recursos e clérigos para atender a uma vasta região de 100.000 quilômetros quadrados.

O papel do crime organizado

As atividades ilegais, principalmente ligadas ao crime organizado, agravam ainda mais a situação. O governo local e ONGs têm apontado a mineração ilegal de ouro como uma preocupação crescente, especialmente nas áreas afetadas pela poluição do rio Nanay. Estudos indicam que os níveis de mercúrio nas águas locais são tão altos que o consumo dos peixes se tornou perigoso. Além disso, os planos para construir rodovias ligando Iquitos à costa peruana levantam bandeiras sobre como isso pode facilitar a atuação de grupos criminosos.

“Essa infraestrutura não só destrói a Amazônia, mas também conecta ecossistemas de maneira prejudicial,” diz Cadenas Cardo, que resume o alarmante cenário de como o lucro em detrimento do meio ambiente gera caos nas comunidades indígenas. Ele reforça que o papel da Igreja é fundamental no apoio a essas comunidades ameaçadas.

Uma luz de esperança para a Amazônia

Apesar dos muitos desafios, surgem sinais de esperança. Em 2024, um tribunal do Departamento de Loreto reconheceu o rio Marañón como uma entidade legal, uma vitória resultante de anos de trabalho da Federação Huaynakana Kamatahuara Kana, um grupo de mulheres indígenas do povo Kukama. Essa conquista é um reflexo da luta contra os vazamentos de petróleo e um esforço da Igreja em apoiar essa causa, sublinhando a importância do ativismo indígena.

A presidente da Federação, Mari Luz Canaquiri Murayari, foi reconhecida recentemente com o Prêmio Ambiental Goldman, em virtude de seu trabalho comunitário. No entanto, o desafio de implementar essa decisão judicial continua, dado o forte interesse de empresas multinacionais na região. O bispo Cadenas Cardo enfatiza que é crucial unir todas as federações indígenas para garantir que suas vozes sejam ouvidas em futuros projetos econômicos.

Em um fechamento inspirador, ele se volta para o Papa Leão XIV, expressando o desejo de que a Igreja na Amazônia receba apoio renovado para continuar sua missão em meio a essas lutas. “Precisamos caminhar e evangelizar em meio a essas dificuldades,” conclui Cadenas Cardo, reafirmando seu compromisso com as comunidades indígenas e a proteção da Amazônia.

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