O ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, deixou a sede da Polícia Federal (PF) na tarde desta sexta-feira, 13 de junho, após prestar depoimento que durou cerca de 3 horas e 30 minutos. A investigação gira em torno de uma suposta tentativa de Cid de obter um passaporte que facilitaria sua saída do Brasil, supostamente através de Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, que atualmente se encontra detido.
Detalhes da investigação
Cid foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã do mesmo dia, mas não acabou sendo detido. O cumprimento desse mandado foi monitorado pela Polícia do Exército. Segundo informações da PF, o ex-ministro Machado teria sido crucial para a tentativa de obtenção do passaporte, o que levantou suspeitas de obstrução de justiça. Cid também foi questionado sobre mensagens que circularam nas redes sociais, onde alegadamente ele teria utilizado um perfil do Instagram para se comunicar sobre sua delação premiada.
Suspeitas de obstrução de justiça
A PF tem indícios de que Gilson Machado procurou o consulado de Portugal em Recife para tentar facilitar a obtenção do passaporte para Cid. Durante seu depoimento, o ex-ministro Machado admitiu que realmente fez uma ligação ao consulado, mas afirmou que tinha interesses pessoais e familiares, e não que visava beneficiar Cid. A PF considerou essa movimentação como uma tentativa de obstruir as investigações em andamento, uma vez que Cid é réu em um caso que envolve trama golpista.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a investigação, citando que as informações coletadas indicam que Machado pode ter tentado interferir nos processos judiciais. As declarações e ações de ambos são analisadas no contexto das apurações sobre possíveis articulações golpistas que ocorreram no Brasil durante o governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro.
A delação premiada de Cid
Mauro Cid tem um acordo de delação premiada e é crucial que ele mantenha a veracidade de suas declarações, pois qualquer violação pode resultar na perda dos benefícios legais que tal delação lhe confere. A PGR destaca a necessidade de aprofundar as investigações, considerando que a ação de Machado pode ter implicações mais amplas.
Recentemente, uma reportagem da revista VEJA trouxe à tona mensagens trocadas por meio de um perfil no Instagram, onde Cid teria conversado sobre a sua delação com aliados próximos a Bolsonaro. Esse perfil em questão, identificado como “@gabrielar702”, é um ponto controverso, com Cid negando que utilizou esse perfil e alegando que sua esposa poderia estar envolvida na troca de mensagens.
Mensagens que levantam suspeitas
Os diálogos revelados geraram ainda mais perplexidade. No conteúdo, o perfil criticava abertamente a condução das investigações, a atuação da PF e do ministro do STF, Alexandre de Moraes, insinuando que as decisões eram tomadas de forma unilateral. Em um trecho, é afirmado que o ministro já teria uma ordem de prisão pronta sem a necessidade de provas. Essa retórica de desconfiança em relação à justiça e à condução dos processos possui um forte peso na análise da situação de Cid.
A defesa de Cid e as relações com Machado
Durante sua saída do STF, Mauro Cid declarou que não houve pedido de passaporte e que considerava as informações sobre o tema uma “novidade”. Seu advogado, Cezar Bitencourt, reforçou que Cid não tinha interesse em deixar o país. Essas afirmações contrastam com as investigações em curso, que não só focam nas ações de Cid, mas também nas ligações com Machado e outros personagens do governo de Jair Bolsonaro.
O papel de Gilson Machado
Gilson Machado, que foi um aliado próximo de Bolsonaro e já concorreu à Prefeitura do Recife, recebeu atenção especial por suas ações recentes, inclusive tentativas de arrecadação para a campanha do ex-presidente. Esse vínculo traz à tona questões sobre a continuidade de um esquema de favorecimento político, que pode ter consequências legais significativas para todos os envolvidos.
Enquanto as investigações prosseguem, a sociedade brasileira ainda aguarda mais esclarecimentos sobre o desdobramento desse caso, que pode afetar a percepção pública sobre a Justiça e a política no país nos próximos meses.
