O retrato da juventude brasileira revela um dado alarmante: entre os jovens de 15 a 29 anos, as mulheres estão significativamente mais fora da escola e do mercado de trabalho do que os homens. Segundo dados da PNAD Contínua Educação 2024, divulgados pelo IBGE, 24,7% das mulheres dessa faixa etária não estudavam nem estavam ocupadas — o dobro do índice registrado entre os homens, de 12,5%.
O impacto da exclusão na juventude feminina
Esse levantamento ilumina a exclusão silenciosa de uma parcela expressiva da juventude feminina, marcada por sobrecarga de tarefas domésticas, falta de creches, gravidez precoce e barreiras sociais que dificultam tanto a permanência nos estudos quanto o acesso ao emprego formal. A pesquisa identifica um grupo chamado de “nem-nem”, que engloba aqueles que não estudam nem trabalham, revelando um cenário preocupante e que demanda atenção imediata.
O que significa ser “nem-nem”
O IBGE classifica como “nem-nem” os jovens que não estudam nem trabalham e não estão envolvidos em nenhuma forma de qualificação profissional. Este grupo é um indicador importante para políticas públicas, ao apontar um risco elevado de vulnerabilidade econômica e social. Muitos jovens, especialmente mulheres, enfrentam o que se denomina “exclusão educacional”, refletindo dificuldades que vão além do simples abandono escolar.
Dados que revelam desigualdade por raça e gênero
Em números absolutos, milhões de jovens estão nessa situação. Embora o fenômeno atinja ambos os sexos, os dados da pesquisa evidenciam que ele é profundamente marcado por gênero e cor. A desigualdade se intensifica quando se observa a cor ou raça dos jovens que compõem os números divulgados pela pesquisa. Conforme o IBGE, 21,1% das pessoas pretas ou pardas de 15 a 29 anos estavam fora da escola e do mercado em 2024, enquanto entre os brancos o percentual foi de 14,4%.
Mulheres negras como a maioria das excluídas
Quando combinadas as variáveis de sexo e raça, o perfil mais comum no Brasil é o de jovem mulher preta ou parda. Essas jovens enfrentam barreiras estruturais como pobreza, maternidade precoce, informalidade no trabalho, evasão escolar e falta de redes de apoio. As dificuldades são ainda mais intensas em comunidades com altos índices de violência e baixa oferta de recursos educativos.
Possíveis soluções para a inclusão
Frente a essa situação alarmante, iniciativas voltadas para a educação profissional e a criação de políticas públicas efetivas são essenciais. Programas de capacitação e suporte a mulheres jovens podem ajudar a reverter esse quadro. Além disso, ações que promovam o acesso a creches e o compartilhamento de tarefas domésticas podem contribuir para aliviar a carga sobre essas mulheres, permitindo que elas tenham mais oportunidades de se dedicar aos estudos e ao trabalho.
A educação profissional, em particular, tem mostrado ser uma aliada nessa transformação. O investimento em programas que ofereçam formação técnica e habilidades práticas pode abrir portas e proporcionar uma nova perspectiva de vida para essas jovens, garantindo que não sejam mais parte de uma geração “nem-nem”.
Em conclusão, o desafio é grande e exige uma mobilização conjunta de governo, sociedade civil e comunidades. É necessário garantir que todas as mulheres, especialmente aquelas que pertencem a grupos mais vulneráveis, tenham acesso a um futuro mais promissor e igualitário.