Brasil, 14 de junho de 2025
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Entendendo os equívocos no debate sobre o caso Diddy e violência sexual

Discurso sobre consentimento, trauma e reconhecimento de vítimas, incluindo homens, em meio ao julgamento de Diddy.

À medida que o julgamento de Sean “Diddy” Combs avança, surgem diversas interpretações e mal-entendidos sobre abuso sexual, consentimento e o enfrentamento de vítimas. Especialistas alertam para erros comuns na discussão pública, que podem reforçar estigmas e prejudicar as vítimas.

Desmistificando o conceito de consentimento no contexto do caso Diddy

Um dos principais equívocos, segundo a terapeuta e assistente de ensino na East Carolina University, Dr. Shanita Brown, é a ideia de que o consentimento obtido anteriormente implica consentimento contínuo. “Consentimento precisa ser reafirmado a cada interação, com perguntas como: ‘Posso continuar? Você está confortável? Quer parar?’.”

O efeito do trauma na permanência em relacionamentos abusivos

Shanita explica que muitas vítimas permanecem em relações abusivas por causa de um fenômeno chamado trauma bonding, onde há uma conexão emocional difícil de romper devido a ciclos de amor e ameaças. “A ideia de que a pessoa que sofre abuso simplesmente deveria sair é ingênua. Estudos indicam que leva em média sete tentativas para uma sobrevivente conseguir realmente sair de uma relação assim.”

O impacto da cobertura midiática e os julgamentos sobre as vítimas

Ela destaca que piadas e comentários desrespeitosos, como os feitos em torno de produtos de sexo ou episódios de violência no vídeo, afetam profundamente sobreviventes. “É fundamental que os relatos de Cassie sejam entendidos como uma busca por liberdade e empoderamento, e não como um interesse voyeurístico.”

Repercussões na saúde mental de sobreviventes, especialmente as negras

Shanita aponta que a atenção à cobertura do julgamento reacende traumas e reforça estigmas enfrentados por mulheres negras e por vítimas que aguardam para relatar abusos. “O sistema muitas vezes não acredita nelas, e esse impacto emocional é devastador.”

Reconhecendo todas as formas de abuso e vítimas de diferentes gêneros

Sobre as acusações de Diddy por estupro e abuso sexual, Shanita reforça a importância de validar todos os sobreviventes, independentemente do gênero. “Existe um mito de que vítimas masculinas não são credíveis, mas homens também podem ser sexualmente agredidos. Precisamos levantar a voz de todos.”

Por que o adiamento na denúncia não diminui a credibilidade

Ela cita exemplos como Mia, ex-assistente de Diddy, que explicou sua demora em denunciar por medo e lavagem cerebral. “Fatores como medo, vergonha e trauma justificam o tempo de espera, e isso não aponta para a falsidade do relato.”

Conscientizando sobre o abuso não físico

Shanita lembra que abusos que não deixam marcas visíveis, como manipulação, controle emocional ou ameaças, são igualmente graves. “Abuso é abuso, independentemente de ser físico ou psicológico. Perguntar se a vítima foi fisicamente agredida é uma pergunta equivocada.”

Falta de reconhecimento para vítimas masculinas

Ela reforça que a narrativa que minimiza ou nega a credibilidade de vítimas masculinas é um grande erro. “Precisamos acolher todos que sofrem abuso, sem prejulgamentos ou estigmas. Meninos e homens também merecem proteção e validação.”

Ao refletir sobre o caso, Shanita Brown acredita que a atenção deve estar na ampliação da compreensão e respeito às vítimas, promovendo um ambiente mais justo. “A história de Cassie é sobre liberdade, sobre se libertar do silêncio. Que possamos ouvir e apoiar quem busca justiça, sem julgamentos ou preconceitos.”

Para quem necessita de ajuda, disque 911 em emergência ou acesse linhas de apoio como a Hotline Nacional de Violência Doméstica e a Hotline de Violência Sexual.

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