Brasil, 17 de junho de 2025
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Policial do Bope admite ter feito disparos em operação no Morro Santo Amaro

Depoimento de sargento Daniel Sousa revela disparos durante festa junina e contraria versão oficial sobre morte de jovem office-boy.

No último fim de semana, o Morro Santo Amaro, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi palco de um trágico episódio que envolve a morte do office-boy Herus Guimarães Mendes durante uma operação policial. O sargento Daniel Sousa da Silva, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em seu depoimento à polícia, afirmou ter sido o único da equipe a abrir fogo, revelando detalhes que contradizem a versão inicial divulgada pela Polícia Militar.

A operação e os acontecimentos da madrugada

Na madrugada do dia 7 de junho, enquanto uma festa junina mobilizava os moradores e visitantes da comunidade, o Bope realizou uma incursão na região com o objetivo de combater o tráfico de drogas. Segundo Sousa, o seu grupo foi atacado por disparos de traficantes, o que o levou a responder com fogo. Sua declaração expôs que ele fez 20 disparos, sendo 13 em um primeiro momento e outros 7 após um novo ataque.

O sargento declarou que, ao se aproximar de uma escadaria, indivíduos não identificados dispararam contra a patrulha. Sem hesitar, ele fez o que acreditava ser necessário para proteger sua equipe, afirmando que os outros integrantes da guarnição não dispararam. O depoimento, obtido pelo RJ2, contradiz a nota oficial da PM, que inicialmente afirmava que não houve disparos por parte dos policiais naquela noite.

Conflito e sua consequência fatal

Herus Guimarães Mendes foi atingido por dois tiros, um na barriga e outro no quadril, e morreu na escadaria onde acontecia a festa. De acordo com relatos de familiares, houve dificuldades no socorro ao jovem, intensificando a angústia e revolta da comunidade. A mãe de Herus alegou que o policial teria arrastado o corpo do filho pelas escadas, uma acusação que gera ainda mais indignação entre os moradores.

Investigação em andamento

Após a ocorrência, uma análise pericial será realizada para determinar a origem dos disparos que resultaram na morte de Herus. Dezoito policiais, incluindo o sargento Sousa e outros da equipe, foram afastados do serviço e tiveram suas armas entregues aos investigadores. A pressão pública e a indignação em relação à operação são palpáveis, especialmente em um contexto onde a comunidade já enfrenta desafios significativos relacionados à violência e à presença policial.

A exoneração dos comandantes do Bope

Em resposta à gravidade dos acontecimentos e às repercussões midiáticas, a Secretaria da Polícia Militar tomou a decisão de exonerar tanto o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Bope, quanto o coronel André Luiz de Souza Batista, responsável pelo Comando de Operações Especiais. Essa ação reflete a série de críticas direcionadas à polícia e o pedido da população por uma maior responsabilização dos agentes que atuam em operações.

A versão do sargento Daniel Sousa, que encerrou seu depoimento às 10h59, foi divulgada apenas 20 minutos antes do comunicado oficial da PM, o que levanta questões sobre a transparência e a confiança nas comunicações emitidas pela força policial. A contradição entre os relatos tem sido um ponto de contenda e questionamento, deixando a comunidade e os familiares da vítima clamando por justiça.

Repercussão na comunidade

O caso gerou protestos e um clamor popular por justiça, conforme a comunidade se manifesta contra a violência policial e a falta de responsabilidade em situações que resultam em mortes de civis. Festejar durante a festa junina transformou-se em um lamento por um jovem que perdeu a vida em um contexto de violência e desconfiança. A mobilização cidadã destaca a necessidade de uma discussão mais profunda sobre a atuação da polícia e a ligação com as comunidades que juram proteger.

À medida que a investigação avança, a expectativa é que mais detalhes venham à tona, revelando as complexidades envolvidas na operação e suas consequências trágicas. Para a família de Herus e para a comunidade do Morro Santo Amaro, a busca por justiça é apenas o início de um longo caminho.

A situação no Morro Santo Amaro exemplifica os desafios enfrentados pela sociedade ao lidar com a violência e a atuação policial. A participação ativa e a denúncia de abusos são passos fundamentais para que incidentes como este não voltem a acontecer, permitindo que as vozes da comunidade sejam ouvidas e consideradas nas futuras ações de segurança pública.

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