A Polinésia Francesa anunciou nesta segunda-feira, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos na França, a criação da maior área marinha protegida do mundo. A iniciativa cobre toda a zona econômica exclusiva (ZEE) do país, que soma aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados, suspendendo atividades como mineração em águas profundas e arrasto de fundo.
Detalhes da maior área marinha protegida do planeta
Desse total, 1,1 milhão de quilômetros quadrados serão classificados como áreas altamente ou totalmente protegidas, conhecidas como classes 1 e 2. Nessas regiões, serão permitidos apenas pesca tradicional costeira, ecoturismo e exploração científica. O governo de French Polynesia também comprometeu-se a ampliar essa zona protegida em mais 500 mil km² até o Dia Mundial dos Oceanos, em 2026.
Compromisso com os padrões internacionais de conservação
“Gerimos essa ZEE de forma sábia por séculos, com técnicas passadas de geração em geração”, afirmou o presidente da Polinésia Francesa, Moetai Brotherson, ao TIME. “Mas agora, queremos dar um passo audacioso para seguir os padrões internacionais da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).”
Segundo Brotherson, a atualização da regulamentação local visa atender às exigências da IUCN, que estipulam metas e recursos para efetivo manejo das áreas protegidas. Pesquisas indicam que as MPAs contribuem para a recuperação da fauna marinha e podem ser instrumentos essenciais na adaptação às mudanças climáticas.
Contexto e desafios na proteção dos oceanos
Desde 2018, a Polinésia Francesa mantém a designação de toda sua ZEE como Área Marinha Gerenciada, um avanço em relação às medidas de proteção anteriores, que não atendiam completamente às normas internacionais. A iniciativa reforça o compromisso do território com a preservação marítima.
“Este é um marco extraordinário e uma contribuição significativa para a proteção do nosso oceano global”, afirmou Grethel Aguilar, diretora-geral da IUCN. “Ao priorizar a biodiversidade, o conhecimento tradicional e as futuras gerações, French Polynesia lidera pelo exemplo na conservação marinha.”
Desafios globais e o papel das pequenas nações
No entanto, especialistas alertam que ainda há muito por fazer. Dados do projeto Dynamic Planet e do National Geographic Pristine Seas apontam que 85 novas áreas protegidas devem ser criadas até 2030 para alcançar a meta de proteger 30% dos oceanos, estabelecida em 2020 por uma coalizão internacional. Atualmente, apenas 8,3% dos mares estão sob proteção formal.
Outro país insular, Samoa, anunciou uma meta semelhante de proteção de 30% de suas águas, de área semelhante a Taiwan. Brotherson destaca que essas nações, apesar de representarem apenas 0,1% do PIB global, têm uma responsabilidade enorme na preservação oceânica. “Nosso mar abrange 7% da superfície oceânica, mas temos poucos recursos financeiros para corresponder à nossa responsabilidade”, afirmou.
Perspectivas e próximos passos na preservação marítima
Os esforços fomentados pela Polinésia Francesa reforçam a importância das pequenas nações no cenário internacional de conservação. Com a ampliação das áreas protegidas, espera-se que o Brasil e outros países também intensifiquem suas ações para alcançar as metas estabelecidas até 2030, contribuindo para a saúde dos oceanos e o equilíbrio do planeta.