Uma decisão liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo gerou alvoroço entre os moradores de Piracaia, uma cidade localizada no interior do Estado. A Justiça determinou a suspensão das obras para asfaltamento das ruas históricas da cidade, que foram alvo de protestos desde a semana passada. Os moradores defendem a preservação dos paralelepípedos, que consideram parte fundamental da cultura e história local.
A decisão da Justiça e os protestos da população
Na última segunda-feira (9), o Tribunal de Justiça publicou a medida que impede a continuidade dos trabalhos de asfaltamento. O movimento para barrar a obra começou com uma Ação Civil Pública movida pela Associação de Desenvolvimento Turístico de Piracaia, que alegou que a prefeitura não realizou um Estudo de Impacto de Vizinhança e não consultou o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) antes de iniciar as alterações. A juíza Carolina Braga Paiva reconheceu a importância dos paralelepípedos, afirmando que sua remoção pode resultar em prejuízos irreversíveis à identidade cultural da cidade.
Os protestos ganharam força na cidade, com moradores exibindo cartazes com mensagens como “Nossas pedras são predestinadas” e “Asfalto cobrindo nossa história”. Para muitos, a preservação do pavimento de paralelepípedos é essencial não apenas para manter a história viva, mas também para evitar riscos como enchentes e acidentes de trânsito, problemas que podem ser exacerbados com a nova pavimentação.
A importância cultural dos paralelepípedos
Os paralelepípedos em Piracaia têm uma longa história, datando desde a implantação no século XX. Representam uma característica arquitetônica e paisagística que atrai turistas para a cidade, além de serem considerados um patrimônio cultural. Em sua decisão, a juíza destacou que, mesmo não sendo formalmente tombados, os paralelepípedos são relevantes para o traçado urbano tradicional e devem ser preservados por sua importância histórica.
Os moradores também apontam que a mudança para asfalto pode agravar problemas de drenagem, tornando a cidade mais suscetível a alagamentos. A presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Luciana Cury, argumenta que os paralelepípedos permitem uma melhor drenagem devido ao seu espaçamento, enquanto o asfalto tornaria as ladeiras impermeáveis, aumentando o risco de enchentes.
As alegações da prefeitura e os desafios futuros
A prefeitura de Piracaia, por sua vez, defende a realização das obras, alegando que a nova pavimentação proporcionará melhorias na mobilidade urbana e na manutenção das vias. O secretário de Obras, Meio Ambiente e Agricultura, Reginaldo Grunwald, comentou que estudos técnicos foram realizados, garantindo que a nova pavimentação não trará malefícios. Contudo, muitos moradores e especialistas contestam essa afirmação.
A empresa responsável pela obra, a Cepavi, venceu a licitação para asfaltar trechos de 17 ruas do centro histórico, ao custo de R$ 962 mil. Essa rápida execução tem sido um ponto de tensão, já que muitos residentes acreditam que as decisões estão sendo tomadas sem o devido diálogo. O advogado Edmilson Armellei, representante da associação que acionou a Justiça, observou que a falta de consulta à comunidade gera desconfiança e pode impactar diretamente no turismo local e na preservação do patrimônio cultural.
O futuro da cidade de Piracaia
Além dos protestos e da ação na Justiça, a questão da pavimentação em Piracaia levanta um dilema importante sobre como equilibrar desenvolvimento urbano e preservação cultural. A cidade, rica em história, enfrenta o desafio de manter sua essência enquanto busca melhorias para a infraestrutura. O desfecho desta situação ainda está por vir, mas a mobilização dos moradores sugere que a história das ruas de Piracaia ainda é uma batalha em andamento.
A decisão da Justiça representa uma vitória temporária para os defensores dos paralelepípedos, mas o debate sobre o futuro da cidade e suas tradições continua em pauta. A população aguarda não apenas a resposta da prefeitura, mas também um diálogo efetivo que leve em consideração as vozes da comunidade.