Nos últimos anos, o Comando Vermelho (CV) tem se consolidado como uma das principais organizações criminosas do Brasil, presente em 23 dos 26 estados do país. Na Bahia, a expansão do CV desde 2020 levou à exploração de diversas atividades ilegais, além do tráfico de drogas. Em Salvador, a situação se agrava, com comerciantes sendo alvo de extorsão financeira em comunidades como Cosme de Farias, Complexo do Nordeste de Amaralina e Engenho Velho da Federação. Os provedores de internet, por exemplo, são obrigados a pagar uma taxa para operar nessas áreas dominadas pelo CV, uma prática que ecoa o modelo de extorsão que já ocorre em outras partes do Brasil, como no Rio de Janeiro.
A presença do Comando Vermelho na Bahia
A presença do Comando Vermelho na Bahia é um reflexo do crescimento de organizações criminosas em todo o Brasil. A instituição criminosa, que já tinha uma trajetória consolidada no Rio de Janeiro, encontrou terrenos férteis na Bahia, onde a falta de políticas públicas eficazes e a fragilidade do sistema de segurança têm facilitado sua inserção. Não se trata apenas do tráfico de drogas; a organização está se ramificando em outras atividades econômicas, como a cobrança de taxas de proteção em diferentes setores.
Taxas de “tranquilidade”
A prática de cobrar taxas para operar em comunidades dominadas por organizações criminosas é uma estratégia comum que visa garantir “tranquilidade” aos negócios locais. Os comerciantes, tanto pequenos quanto médios, se veem obrigados a pagar esses valores, que muitas vezes não têm uma contrapartida de segurança real. O medo de represálias, que pode incluir agressões e até assassinatos, mantém a população e os comerciantes em uma situação de vulnerabilidade constante. A intimação para pagamento é muitas vezes feita de forma violenta, consolidando o poder do CV sobre a comunidade.
Recentemente, reportagens informaram que aqueles que se recusam a pagar a taxa podem enfrentar consequências severas, incluindo ameaças à integridade física e ao fechamento de seus negócios. Uma situação que gera um ambiente de pânico e incerteza, afetando não apenas a economia local, mas também a vida cotidiana dos moradores.
Impacto social e econômico
A atuação do Comando Vermelho em Salvador tem profundas implicações sociais e econômicas. O aumento da criminalidade e a presença da organização criminosa levam à deterioração da qualidade de vida na região. As comunidades se veem reféns de um ciclo de violência que inibe o desenvolvimento econômico e social. Empresários, por exemplo, desmotivam-se a investir, levando à escassez de emprego e oportunidades para os jovens, que acabam se envolvendo em atividades ilícitas como forma de sobrevivência.
A luta contra a criminalidade
As autoridades locais e estaduais têm tentado implementar medidas para combater a criminalidade, mas os esforços muitas vezes esbarram na falta de recursos e na corrupção. A colaboração entre a polícia e as comunidades é fundamental para reverter essa situação, mas a desconfiança em relação ao sistema de segurança pública é um obstáculo significativo. Para muitos, a percepção é de que a polícia está, em algumas ocasiões, alinhada às práticas criminosas, como evidenciado por relatos de policiais cortando a luz de comerciantes que não pagam as taxas impostas pelo CV.
O que fazer?
A sociedade civil, organizações não governamentais e movimentos comunitários têm um papel crucial na conscientização e na luta contra essa situação. Promover ações de apoio aos comerciantes locais, assim como buscar soluções de segurança que envolvam a comunidade, pode ser um caminho. Fortalecer as redes de colaboração entre moradores e autoridades, além de denunciar práticas ilegais, é essencial para enfraquecer o poder do Comando Vermelho em Salvador e em outras partes da Bahia.
A situação é alarmante e precisa de atenção urgente. O futuro de muitas comunidades baianas depende da ação conjunta e eficaz contra as práticas criminosas que têm se alojado em suas ruas.
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