O World Press Photo está realizando uma exposição itinerante que apresenta as imagens vencedoras do 68º Concurso Anual de Fotografia. Inaugurada no dia 27 de maio, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, a mostra seguirá para São Paulo, Curitiba e Salvador. Entre as fotografias, destaca-se a emoção de crianças e jovens vítimas de guerras e opressões, com ênfase na impactante Foto do Ano, do fotógrafo Mahmoud Ajjour, que retrata um menino de 9 anos ferido em Gaza.
O sofrimento infantil em cenários de guerra
Os conflitos no leste europeu, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, e as tensões no Oriente Médio, especialmente entre Israel e Hamas, geraram um grande número de vítimas, muitas delas crianças que enfrentam um cotidiano marcado pela violência e pela luta pela sobrevivência.
A Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (IPC) informa que, em Gaza, são estimados cerca de 14 mil casos graves de desnutrição aguda entre crianças de 6 a 59 meses. A incompreensível dor vivida por essas crianças, como Mahmoud Ajjour, é retratada através da lente de fotógrafos que buscam trazer visibilidade às realidades em meio ao caos.
A Foto do Ano e sua narrativa
Escolhida como Foto do Ano, a imagem de Mahmoud Ajjour ilustra de maneira contundente a gravidade da situação. O menino, que perdeu um braço e teve o outro mutilado após uma explosão, expressou sua angústia de forma tocante: “Como vou conseguir te abraçar?”, questionou à mãe ao perceber sua nova condição irreversível. A fotógrafa Samar Abu Elouf, responsável pela captura da imagem, compartilhou essa dolorosa mensagem em suas redes sociais, ressaltando a humanidade que ainda persiste em meio ao sofrimento.
“Quando Mahmoud percebeu pela primeira vez que seus braços haviam sido amputados, uma situação irreversível, a primeira frase que ele disse à mãe foi: ‘Como vou conseguir te abraçar?’”, contou Samar.
Atualmente, Ajjour está recebendo tratamento médico e tem aprendido a usar os pés para realizar atividades cotidianas, como jogar no celular e abrir portas.
Imagens que falam por si mesmas
Veja as imagens da exposição:
Criança palestina ferida recebe atendimento médico no Hospital Aksa, em Deir al Balah, após ataque israelense ao campo de refugiados de Al-Maghazi, em Gaza.
Anhelina (6), ucraniana fotografada por Florian Bachmeier, que teve que fugir da guerra e agora lida com traumas e ataques de pânico.
Aliona Kardash, fotógrafa russo-alemã, que volta à sua cidade natal para refletir sobre repressão e afeto em meio à narrativa oficial da guerra.
O impacto da exposição no Brasil
A exposição do World Press Photo tem um papel crucial em conscientizar o público brasileiro sobre as atrocidades cometidas em conflitos armados e em mostrar a resiliência das crianças afetadas. Além da imagem de Ajjour, outras histórias palpáveis foram expostas, como a de uma menina ucraniana que agora lida com os traumas de ter fugido de sua casa.
Através dessa exposição, o público poderá não apenas apreciar a arte fotográfica, mas também refletir sobre as realidades duras que muitas crianças enfrentam ao redor do mundo. A mostra ficará no Rio de Janeiro até 20 de julho, depois seguirá para São Paulo a partir de 5 de agosto, Curitiba a partir de 7 de outubro e Salvador, de 9 de dezembro a 1º de fevereiro.
Mais do que uma simples coleção de imagens, essa exposição é um convite à reflexão e à compaixão diante do sofrimento humano, especialmente aquele cometido contra os mais vulneráveis.