Na próxima semana, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, será o único réu interrogado por videoconferência no âmbito da investigação sobre a trama golpista que agitou o cenário político brasileiro. A expectativa é que seu depoimento seja o último de uma série de oito que acontecerão no Supremo Tribunal Federal (STF) entre os dias 9 e 13 de junho. Enquanto isso, os demais acusados farão seus esclarecimentos presencialmente na sede da Corte.
A detenção de Braga Netto
Desde dezembro do ano passado, Braga Netto está preso em uma unidade militar na Vila Militar do Rio de Janeiro, sob a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso no STF. A prisão aconteceu após a Polícia Federal concluir sua investigação, na qual se apontou que o general tentou obter “informações sobre o acordo de colaboração” do tenente-coronel Mauro Cid, outro réu na trama golpista.
As acusações contra Braga Netto
Um dos pontos mais graves das alegações contra Braga Netto é citado na delação premiada do ex-assessor Mauro Cid. Segundo Cid, o general estaria envolvido na distribuição de dinheiro, escondido dentro de uma caixa de vinho, para financiar um plano conhecido como “Punhal Verde-Amarelo”. Este plano incluía a intenção de assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A defesa de Braga Netto tem contestado a decisão de manter o militar detido, argumentando que não existem fundamentos legais para prolongar sua prisão por mais de cinco meses. No entanto, até o momento, todos os pedidos de liberação foram negados por Moraes, que também rejeitou um pedido para o adiamento dos interrogatórios dos réus da ação penal.
Como serão conduzidos os interrogatórios
O processo de interrogatório começará com o depoimento do ex-tenente-coronel Mauro Cid, priorizado por sua colaboração com as investigações. Os demais réus estarão presentes na sala de audiências da Primeira Turma do STF, onde também ocorrem os julgamentos relacionados a essa ação. Os interrogatórios seguem a ordem alfabética dos réus e incluem nomes de peso como:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e deputado federal;
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
Os depoimentos dos réus serão transmitidos ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do YouTube do STF, iniciando às 14h do dia 9 de junho. No caso de os interrogatórios não serem finalizados no primeiro dia, quatro novas sessões estão agendadas para os dias 10, 11, 12 e 13 de junho.
Expectativas para os próximos dias
Com a repercussão dos eventos e a gravidade das denúncias, os olhos do Brasil estarão voltados para o STF e a forma como esses desdobramentos impactarão o cenário político nacional. A sociedade civil, assim como especialistas em direito e políticos, aguardam para ver como o tribunal lidará com um caso tão sensível e crucial para a democracia no país.