O clima de movimentação política em São Paulo ganha novos contornos com a noticia da possível saída do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, do cargo antes do prazo legal de desincompatibilização, que está previsto para abril de 2026. De acordo com informações confirmadas pelo GLOBO, essa mudança é articulada juntamente com o governador Tarcísio de Freitas e deve ocorrer até dezembro deste ano.
A saída antecipada de Derrite
A decisão de Derrite vem em meio a seus planos de reassumir o mandato de deputado federal e, principalmente, avançar em sua candidatura ao Senado nas próximas eleições. O apoio do Progressistas (PP), partido ao qual ele se filiou recentemente, é um pilar fundamental nessa articulação. A saída de Derrite é considerada uma estratégia política, uma vez que o atual secretário é um forte aliado de Tarcísio e possui ambições de estar à frente em sua carreira política.
Alianças e articulações políticas
Derrite foi claro em sua posição ao afirmar que não pretende concorrer ao cargo de governador do Estado de São Paulo, demonstrando total apoio a Tarcísio de Freitas, que tem se posicionado como candidato à reeleição. “Estou muito feliz e honrado por ter meu nome, especialmente indicado por ele, para disputar uma vaga no Senado nas eleições do ano que vem”, destacou Derrite recentemente. Contudo, sua posição pode mudar caso Tarcísio decida concorrer à presidência da República, colocando Derrite como um possível candidato ao governo paulista.
Nessa dinâmica, o nome mais citado para o possível apoio de Tarcísio caso ele busque a presidência é de Gilberto Kassab, atual secretário de Governo e presidente nacional do PSD, que possui uma boa relação com Derrite e também foi visto na filiação dele ao PP.
Indefinições e possíveis substitutos
A substituição de Derrite ainda não foi definida, mas Marcello Streifinger, atual secretário da Administração Penitenciária, surge como o nome mais cotado. Ele é visto como uma escolha técnica e sem pretensões políticas que poderia manter a continuidade no cargo até a próxima eleição.
Em nota, o governo do estado enfatizou que não há previsão de mudanças na Secretaria de Segurança, elogiando a gestão de Derrite. “Desde o início da atual gestão, a política de segurança pública no estado tem apresentado resultados concretos, evidenciados pelos indicadores de criminalidade, com quedas históricas em índices como homicídios e roubos”, diz o comunicado do governo.
Desafios e controvérsias na gestão
No entanto, a gestão de Derrite foi marcada por controvérsias, incluindo episódios de violência policial que trouxeram desconforto dentro do governo. Apesar da queda nos índices de criminalidade, houve um aumento na letalidade policial, que tende a gerar críticas e desafios ainda maiores. A morte do delator do PCC, Antônio Gritzbach, e outros episódios polêmicos, como a agressão a um cidadão por agentes de segurança, contribuíram para um cenário complicado.
Recentemente, o governador Tarcísio reconheceu que as abordagens tradicionais para a segurança não têm sido suficientes, e sua declaração apontou possíveis excessos na condução da política de segurança, reconhecendo uma necessidade de reavaliação nas estratégias adotadas.
Um cenário de incertezas políticas
Apesar das tensões, aliados do governo têm se esforçado para minimizar interpretações que possam sugerir atritos entre Derrite e Tarcísio. O próprio Derrite tem reafirmado seu apoio ao governador nas redes sociais, mencionando que a possibilidade de sua saída do cargo é real, mas que ainda não está definida e enfatizou sua intenção de reassumir sua cadeira na Câmara dos Deputados.
Interlocutores do Palácio dos Bandeirantes, em conversas privadas, também têm mostrado que a relação entre o secretário e o governador segue sólida, com perspectivas de colaboração nas eleições de 2026 em uma coligação de centro-direita. A movimentação política nos próximos meses será essencial para definir o futuro não apenas de Derrite, mas da segurança pública no estado e das estratégias de campanha para as eleições à frente.
