Na última semana, sete filhotes de jacaré-de-papo-amarelo foram reinseridos na natureza, após passarem quase um mês em tratamento no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro do São Bento, em Ribeirão Preto (SP). Esta ação foi realizada pela Polícia Ambiental de Ibitinga (MG), que resgatou os animais em condições inadequadas em uma residência na cidade de Tabatinga (MG).
Processo de reabilitação dos jacarés
Os filhotes, que chegaram ao Cetras, passaram por uma série de cuidados abrangentes e multidisciplinares, conforme explica Alexandre Gouvea, zootecnista responsável pelo centro. Após um monitoramento cuidadoso e alimentação adequada, os jovens jacarés começaram a se alimentar sozinhos, um sinal positivo para a sua reintegração no ambiente natural.
“Tivemos que alimentar esses filhotes, e isso nos causou certa preocupação, já que o objetivo era que eles se alimentassem sozinhos para serem soltados. Felizmente, após exames laboratoriais, foi confirmado que eles já estavam se alimentando de forma independente,” afirmou Gouvea.
Os filhotes mantiveram um peso saudável durante seu tempo no centro, onde também participaram de treinamentos para aprender a caçar e se adaptar à vida selvagem. A soltura ocorreu em uma área de mata próxima ao local onde foram resgatados, que foi selecionada com base em um estudo de satélite que indicou a presença de corpos d’água e vegetação adequada ao habitat dos jacarés.
A importância da reabilitação
O biólogo Otávio Almeida, responsável técnico pela Cetras, ressaltou que, apesar de os filhotes terem chegado bem nutridos, não poderiam ser soltos imediatamente, pois não encontrariam a mãe. “O nosso foco na reabilitação foi ensinar os instintos de sobrevivência dos animais,” disse Almeida. “Eles agora conseguem caçar e sobreviver no ambiente natural, além de estarem praticamente rejeitando a presença humana.” Isso é crucial, uma vez que a soltura dos filhotes é desejada para que eles cresçam e se reproduzam em seu ambiente natural, longe da intervenção humana.
A recuperação, que estava inicialmente planejada para durar seis meses, surpreendeu a equipe, sendo concluída em apenas um mês. O cabo da Polícia Militar Ambiental, Renan Orlando, que ajudou na soltura, enfatizou a cuidadosa abordagem necessária para manusear os animais, ressaltando que “todo bicho dá um risco ao ser humano”. O manuseio foi feito com equipamentos apropriados, e os filhotes foram soltos em seu habitat de forma gradual.
A importância do jacaré-de-papo-amarelo
Uma parte vital do processo de reabilitação é a microchipagem, que permite a identificação dos animais e a realização de acompanhamento biológico. Essa fase é ainda mais significativa quando se trata de uma espécie ameaçada, como o jacaré-de-papo-amarelo, conforme destaca Gouvea. “Eles estão na lista vermelha da IUCN [União Internacional para a Conservação da Natureza]. Essa espécie é crucial para o ecossistema aquático, pois controla as populações de outras espécies desse habitat,” explicou.
Como um predador de topo de cadeia, o jacaré-de-papo-amarelo desempenha um papel essencial na regulação da densidade populacional de espécies como capivaras, roedores e peixes, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema. Portanto, a proteção e reabilitação desses animais é vital para preservar a biodiversidade e a saúde ambiental da região.
A reintegração dos jacarés é, portanto, uma vitória significativa não apenas para a equipe do Cetras, mas também para o meio ambiente, reafirmando o compromisso das autoridades e da sociedade em proteger a fauna silvestre do Brasil. Essa ação serve como um lembrete da importância da conservação e do respeito ao nosso ecossistema.
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