Brasil, 7 de junho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Mongeações fecham monastério de Santa Catarina na crise com Egito

Após decisão judicial que transferiu o controle do monastério de Santa Catarina ao governo egípcio, monges protestam e fecham o local ao público

Os monges do Mosteiro de Santa Catarina, localizado no Sinai, bloquearam as entradas do local em protesto contra uma recente decisão judicial que transferiu a propriedade do sítio para o Estado egípcio, concedendo à Igreja apenas direitos de uso temporários. A controvérsia acirrou tensões internacionais e críticas à política de preservação do patrimônio religioso na região.

Decisão judicial e reação da Igreja ortodoxa

A medida, publicada na semana passada, foi recebida com forte oposição pelos monges, que afirmam ter documentos históricos que comprovam a propriedade do monastério desde o século VI. A Igreja Ortodoxa descreveu a decisão como um “précedente perigoso” e alertou para os riscos de estabelecer um “novo Vaticano” sob controle estatal.

Segundo o arcebispo Damianos de Sinai, Pharan e Raitho, a sentença configura uma “manipulação judicial”. Ele explicou que, desde 1980, a comunidade religiosa deu entrada em 71 pedidos de propriedade, mantendo registros oficiais que, até então, não tinham sido considerados pelo Estado egípcio, que tenta justificar a transferência com argumentos de soberania.

Implicações e tensões internacionais

Certas igrejas e líderes religiosos ao redor do mundo manifestaram sua preocupação com a situação. O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, junto com os Patriarcados de Jerusalém e Alexandria, além de representantes de igrejas na Grécia e Chipre, adotaram uma postura de cautela, enquanto outras instituições optaram por não se posicionar, o que agravou a crise diplomática.

Greece tem se destacado na defesa do monastério, promovendo reuniões diplomáticas e emitindo declarações formais. O ministro das Relações Exteriores grego, Georgios Gerapetritis, reuniu-se com seu colega egípcio, Badr Abdelatty, no Cairo, para discutir o futuro do sítio sagrado (leia mais).

Contexto e possíveis motivações

Archbishop Damianos criticou a alteração unilateral do acordo firmando anteriormente entre a Igreja e as autoridades egípcias, ao afirmar que o Estado tentou assumir o controle total do local, mesmo com documentos históricos de propriedade. Ele comentou: “Nosso monastery protege este patrimônio desde o século VI. Agora, nos dizem que podemos usá-lo, mas não somos proprietários.”

O representante legal do mosteiro, Christos Kompiliris, afirmou que negociações anteriores duraram nove meses e foram interrompidas de forma abrupta, com uma decisão judicial que contradizia os acordos feitos. Essa sentença, segundo ele, coloca em risco a permanência dos monges, que podem perder o controle do sítio a qualquer momento, inclusive por questões políticas.

Projetos de turismo e controvérsia local

Algumas fontes apontam que o conflito também está ligado ao projeto “Grande Transfiguração”, iniciado em 2021 pelo governo egípcio, com o objetivo de transformar a área do monastério em um destino turístico integrado. Críticos temem que essa iniciativa comprometa a integridade do patrimônio religioso e cultural.

Enquanto isso, a disputa segue acalorada, com a comunidade internacional acompanhando de perto os desdobramentos. A crise evidencia o delicado debate sobre preservação, soberania e direitos históricos na região do Sinai.

Esta matéria foi publicada originalmente pela ACI MENA e adaptada pela CNA.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes