O atacante do Flamengo, Bruno Henrique, está no centro de uma controvérsia após seu advogado solicitar que o processo em que ele é investigado por estelionato e fraudes em competições esportivas seja transferido da Justiça do Distrito Federal para a Justiça Federal. O pedido foi protocolado na manhã desta sexta-feira (6/6) e se baseia na alegação de que as irregularidades envolvem apostas realizadas em plataformas estrangeiras.
Pedido de declínio de competência
De acordo com os advogados do jogador, a investigação, que foi revelada pelo Metrópoles, está relacionada a um esquema de apostas onde Bruno Henrique é suspeito de ter se beneficiado ao forçar um cartão amarelo durante uma partida do Campeonato Brasileiro. Os relatórios que apontam para supostas irregularidades nas apostas foram emitidos pela Associação Internacional de Integridade nas Apostas Esportivas, sediada na Bélgica, porém, estavam sem assinaturas, o que, segundo a defesa, implicaria na nulidade do processo.
A defesa também argumenta que, uma vez que as apostas ocorreram em empresas estrangeiras localizadas em paraísos fiscais como Malta, Chipre e Curaçao, a competência para julgar o caso deveria ser da Justiça Federal e não da Justiça Estadual. “A vinculação das atividades das casas de apostas digitais à competência da União não deixa margem a dúvidas que a investigação não poderia ter ocorrido perante a Justiça Estadual”, afirmam os advogados.
Indiciamento pela Polícia Federal
A Polícia Federal indiciou Bruno Henrique por sua suposta participação em um esquema que visava fraudar a competição, especialmente durante a partida entre Flamengo e Santos, válida pelo Brasileirão de 2023. O inquérito, que agora está nas mãos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pode resultar em uma denúncia formal contra o jogador.
Recentemente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) negou um recurso relacionado ao pedido de transferência de competência, levando a defesa a reiterar seu argumento de que a fiscalização sobre as apostas deve ser feita pela União.
Lucro substancial com apostas
O grupo de apostadores associado ao irmão de Bruno Henrique, de acordo com a PF, obteve um lucro impressionante de quase 200% ao apostar na ocorrência de um cartão amarelo do atacante durante a partida. As investigações apontam que as apostas totalizaram R$ 6.448, com seis indiciados que, segundo os investigadores, foram alertados sobre o esquema antes da realização do jogo.
Conexões suspeitas e mensagens apreendidas
Um dos elementos que reforçam a tese de fraude é a ligação feita por Bruno Henrique para seu irmão na véspera da partida. A polícia acredita que o atleta tenha comunicado sua intenção de tomar um cartão amarelo para que o irmão pudesse lucrar com as apostas. Mensagens recuperadas pelo MP indicam que, mesmo após o jogo, o irmão do jogador mencionou ter esperado pelo pagamento das apostas, que foram em grande parte bloqueadas devido ao volume de apostas suspeitas.
“Coloquei [R$] 3 mil pra ganhar [R$] 12 mil, mas eles bloquearam por suspeita”, escreveu Wander Nunes, irmão do jogador, ressaltando que a aposta relacionada ao cartão amarelo ainda aguardava análise nas plataformas de apostas. As mensagens trocadas entre os dois irmãos mostram conversas que podem ser utilizadas como evidências em futuras audiências.
Investigações em andamento
Conforme avança o inquérito, os promotores do MPDFT estão avaliando se houve ocultação de provas por parte de Bruno Henrique, que carece de esclarecimentos sobre algumas mensagens que podem ter sido deletadas de seu celular. A PF apreendeu o celular do jogador, mas não encontrou evidências significativas que possam corroborar as acusações.
Entretanto, as mensagens trocadas entre Bruno e seu irmão sugerem fortemente a possibilidade de um planejamento prévio para atuar em conluio com apostadores, comprometendo assim a integridade da competição esportiva.
A transição do processo para a Justiça Federal pode ter implicações significativas, não apenas para Bruno Henrique, mas também para a percepção pública sobre a integridade das competições esportivas no Brasil. O desdobramento deste caso será acompanhado atentamente pela mídia e pelos torcedores, que esperam por um desfecho que traga clareza e justiça.
