Brasil, 8 de junho de 2025
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Turista americano morre após ritual com ayahuasca na Amazônia

A morte de um turista em um retiro espiritual no Peru levanta questões sobre os riscos do uso de ayahuasca.

No último mês, um incidente trágico chocou o mundo do turismo espiritual. Aaron Wayne Castranova, um turista americano de 41 anos, faleceu após ingerir um chá alucinógeno conhecido como ayahuasca em um retiro espiritual na Amazônia peruana. O caso reacende o debate sobre os riscos associados à consumo de substâncias psicoativas em ambientes não controlados.

Detalhes do incidente em Loreto

Castranova morreu na última segunda-feira em Loreto, uma região na fronteira com o Brasil, após participar de uma cerimônia onde foi servido o chá de ayahuasca. De acordo com o patologista forense da região, Narciso Lopez, o turista “sofreu uma crise que levou ao seu falecimento” em razão do consumo da bebida, que provocou uma reação multissistêmica em seu organismo.

A cerimônia ocorreu na hospedagem denominada La Casa de Guillermo ICONA, situada na comunidade indígena de Santa Maria de Ojeda, que tem se popularizado por oferecer experiências de turismo espiritual. Segundo os gerentes do local, Castranova não informou que estava fazendo uso de antibióticos, o que pode ter contribuído para a sua fatalidade.

Os perigos da ayahuasca

A ayahuasca, advertiu Lopez, pode causar não apenas a morte, mas também danos permanentes e irreversíveis. Tradicionalmente usada por culturas indígenas da Amazônia para rituais espirituais e de cura, esta bebida amarga é elaborada a partir da casca de uma videira e das folhas de um arbusto da região que contém N,N-dimetiltriptamina (DMT), um potente alucinógeno.

Nos últimos anos, o turismo de ayahuasca no Peru disparou, com vários retiros na selva oferecendo a bebida a visitantes, geralmente sob a supervisão de guias ou xamãs. No entanto, a embaixada dos Estados Unidos no Peru recomenda que cidadãos americanos evitem ingerir ou usar alucinógenos tradicionais como a ayahuasca. Em seu site, a embaixada observa que essas substâncias perigosas são frequentemente comercializadas aos viajantes como purificadores ou limpadores espirituais.

Questões de saúde mental associadas ao uso de ayahuasca

Estudos indicam que mais da metade das pessoas que consomem a ayahuasca experimentam problemas de saúde mental relacionados à experiência, e cerca de 10% delas necessitam de suporte profissional prolongado. Além disso, em casos mais raros, o uso da planta pode ser fatal, especialmente devido a efeitos adversos no coração.

A tragédia envolvendo Castranova destaca um padrão preocupante no uso de ayahuasca. Apenas no ano passado, uma mãe britânica morreu em um retiro boliviano dedicando-se ao uso da substância. Maureen Rainford, uma assistente social de 54 anos, teve uma emergência médica após ingerir ayahuasca e morreu uma hora depois de colapsar, com a chegada de um médico ocorrendo somente após o incidente.

A crescente popularidade e riscos do uso de ayahuasca

Apesar da notoriedade da ayahuasca por suas supostas propriedades terapêuticas, o uso da substância continua a crescer. Aproximadamente 4,5 milhões de pessoas relataram o uso da droga em suas vidas, conforme dados do Centro Internacional de Educação Etnobotânica, Pesquisa e Serviço. Em 2019, 820 mil pessoas experimentaram a ayahuasca apenas naquele ano.

Além das questões de saúde, casos extremos relacionados ao uso de ayahuasca também têm chamado a atenção, como o incidente onde um turista ucraniano desmembrou uma mulher russa após o consumo do chá em 2022 na região de Loreto. Esses episódios levantam preocupações sobre a segurança e a regulamentação do turismo espiritual no Peru e em outras partes da América do Sul.

O crescente interesse por cerimônias com ayahuasca traz à tona a necessidade urgente de um debate mais amplo sobre os riscos envolvidos e a proteção dos turistas que buscam experiências espirituais em contextos que podem ser potencialmente perigosos.

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