O ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, destacou que conseguiu uma façanha durante sua gestão entre 2016 e 2019: a unanimidade, mesmo “todos contra”, na decisão de manter os juros elevados para conter a inflação fora da meta. Na época, a taxa Selic atingia 14,5%, um nível considerado alto pelo mercado.
A estratégia de manter juros altos e a reputação de Goldfajn
Goldfajn lembrou que, durante seu mandato, enfrentou resistência, inclusive de conservadores, ao defender a manutenção de juros altos. “Consegui uma unanimidade nesse período, todos contra”, afirmou. Segundo o ex-presidente, muitos acreditavam que essa política seria excessiva, até mesmo seu amigo Alfonso Pastore, que na época criticou publicamente a medida. Anos depois, Pastore reconheceu que a decisão foi acertada.
Reputação de conservador sem subir juros
Na série “Conversas Presidenciais”, Goldfajn afirmou que, curiosamente, saiu do comando do Banco Central com a reputação de conservador, mesmo sem ter aumentado os juros. “Sou o único presidente do Banco Central que saiu com a reputação de conservador, sem nunca ter subido os juros, e só baixado o tempo todo. A inflação caiu, e eu saio com essa imagem”, comentou.
Reconhecimento do papel dos servidores na autonomia do Banco Central
Goldfajn também ressaltou a importância do funcionalismo na construção da autonomia do Banco Central, citando exemplos como o Pix, o open finance e a própria independência da instituição. “Quem criou a autonomia? O funcionalismo. Quem criou o Pix? O funcionalismo. O open finance? O funcionalismo”, afirmou. Para ele, valorizar os servidores é fundamental para fortalecer a instituição.
Conselho ao novo presidente do Banco Central
Questionado por Gabriel Galípolo, atual presidente do Banco Central, sobre que conselho dar a quem assume o órgão neste momento, Goldfajn recomendou calma. “99% dessas coisas vão passar”, afirmou. “Então, calma. Não fique tão estressado. As coisas vão acontecer, faça seu trabalho. Todo dia parece que é aquilo lá, mas amanhã vai ter outro. Vamos tentar olhar de uma perspectiva de horizonte que as coisas funcionam.”
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