Brasil, 8 de junho de 2025
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Pesquisadores avançam no caminho para a cura do HIV

Uma nova tecnologia promete tirar o HIV do esconderijo nas células humanas, trazendo esperança para a cura da doença.

Um marco na pesquisa de uma cura para o HIV pode estar mais perto do que se pensava. Cientistas do Peter Doherty Institute for Infection and Immunity, em Melbourne, descobriram uma nova forma de forçar o vírus a sair do seu escondido dentro das células humanas. A habilidade do HIV de se ocultar dentro de certos glóbulos brancos tem sido um dos principais desafios para os cientistas que buscam uma cura, uma vez que isso cria um reservatório da doença no corpo, capaz de ser reativado e que nem o sistema imunológico nem os medicamentos conseguem combater.

Uma nova perspectiva com tecnologia de mRNA

A nova abordagem dos pesquisadores é baseada na tecnologia de mRNA, que ganhou destaque durante a pandemia de Covid-19 com as vacinas da Moderna e Pfizer/BioNTech. Em um estudo publicado na Nature Communications, eles apresentaram, pela primeira vez, que o mRNA pode ser entregue nas células onde o HIV se esconde, encapsulando-o em pequenas bolhas de gordura especialmente formuladas. O mRNA, então, instrui as células a revelar a presença do vírus.

A situação global do HIV

Atualmente, há quase 40 milhões de pessoas vivendo com o HIV em todo o mundo, que precisam tomar medicamentos por toda a vida para suprimir o vírus e evitar o desenvolvimento de sintomas ou sua transmissão. Para muitos, a doença continua a ser letal, com dados da UNAids indicando que uma pessoa morreu de HIV a cada minuto em 2023.

Desafios e avanços na pesquisa

Dr. Paula Cevaal, participante do estudo, destacou que anteriormente era considerado “impossível” entregar mRNA ao tipo de glóbulo branco que abriga o HIV, pois essas células não absorviam as bolhas de gordura usadas para transportá-lo. A equipe desenvolveu um novo tipo de bolha de gordura, conhecida como LNP X, que é aceita por essas células. “Nossa esperança é que esse novo design de nanopartícula possa ser um novo caminho para a cura do HIV”, afirmou Cevaal.

Os resultados iniciais das pesquisas trouxeram otimismo entre a equipe, que estava cética com os primeiros achados. “Quando um colega apresentou os resultados dos testes, parecia bom demais para ser verdade. Pedimos que ela repetisse os testes e, na semana seguinte, ela trouxe resultados igualmente bons. Fomos obrigados a acreditar”, contou Cevaal sobre a euforia do laboratório.

Perspectivas futuras e considerações

Embora a pesquisa tenha mostrado promissores resultados em células doadas por pacientes HIV positivos, muitos passos ainda são necessários antes de aplicar a tecnologia em humanos. Testes em animais e ensaios de segurança são essenciais e podem levar anos até que testes de eficácia possam ser realizados. “Na área de biomedicina, muitas inovações não conseguem chegar à clínica – essa é a dura realidade”, advertiu Cevaal.

Implicações além do HIV

Dr. Michael Roche, coautor do estudo, comentou que a descoberta tem implicações que vão além do HIV, já que as células brancas do sangue envolvidas também estão ligadas a outras doenças, incluindo cânceres. O retrovirologista Dr. Jonathan Stoye destacou que a abordagem da equipe de Melbourne representa um avanço significativo nas estratégias existentes para forçar o vírus a sair de suas reservas, embora mais estudos sejam necessários para determinar como eliminá-lo efetivamente.

Prof. Tomáš Hanke, da Universidade de Oxford, questionou a ideia de que a entrega de RNA às células brancas do sangue é um grande desafio e afirmou que alcançar todas as células do corpo onde o HIV se esconde é “apenas um sonho”. Contudo, as expectativas criadas pela tecnologia emergente de mRNA na luta contra o HIV são, sem dúvida, uma luz de esperança em um campo que há muito busca soluções eficazes.

A pesquisa ainda está em fase inicial, mas a possibilidade de descobrir uma metodologia que permita a exposição do HIV no organismo traz um novo começo em uma longa jornada pela cura dessa condição devastadora.

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