A balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 7,238 bilhões em maio de 2025, o menor para o mês em três anos, devido à queda no preço de commodities e ao crescimento das importações. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (5) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Recuperação econômica e baixa nas commodities impactam resultado
Apesar de o valor das exportações permanecer quase estável em US$ 30,156 bilhões, com queda de 0,1% ante maio de 2024, as importações cresceram 4,7%, atingindo US$ 22,918 bilhões. Este aumento elevou o déficit comercial em alguns setores e refletiu o crescimento econômico no país.
Setores afetados pela variação de preços e volumes
Agronegócio e commodities
As exportações de soja, principal produto do setor, caíram 3,9% devido à redução de 8,4% nos preços médios, embora o volume embarcado tenha subido 4,9%. As vendas de milho e algodão também sofreram variações similares. Petróleo recuou 9,7%, motivado pela queda de 15,2% nos preços, enquanto o volume exportado aumentou 6,5%. As exportações de minério de ferro diminuíram 4,7%, apesar do aumento de 7,4% na quantidade, com preços reduzidos em 11,3%.
Exportações com sustentação de produtos específicos
Por outro lado, o café e a carne bovina apresentaram alta nas vendas, contribuindo para aliviar o recuo geral. Outros produtos, como celulose, veículos e ferro-gusa, também tiveram aumento nas exportações, compensando as quedas em outros segmentos.
Importações impulsionadas pelo crescimento econômico
As compras de fertilizantes, veículos de passageiros, motores e componentes tiveram alta, com destaque para os fertilizantes, cujo valor aumentou US$ 257,9 milhões (+25,9%). A quantidade de mercadorias importadas subiu 7,7%, enquanto os preços médios recuaram 3,3%, refletindo a queda no valor das commodities.
Impacto por setor e projeções futuras
No setor agropecuário, a queda na quantidade vendida impactou as exportações, que recuaram 0,6%. Na indústria de transformação, houve aumento de 5,2% na quantidade, apoiada pela recuperação econômica da Argentina, maior destino dos bens industrializados brasileiros. A indústria extrativa apresentou alta de 7,1% na quantidade exportada, embora os preços tenham caído 12,8%, influenciados pela desaceleração na China e pela guerra comercial com os Estados Unidos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a expectativa para o total do ano é de superávit de US$ 70,2 bilhões, uma queda de 5,4% em relação a 2024. As projeções indicam crescimento de 4,8% nas exportações, totalizando US$ 353,1 bilhões, e aumento de 7,6% nas importações, que devem atingir US$ 282,9 bilhões. No entanto, essas estimativas podem ser revistas em breve, levando em conta os efeitos de tarifas e retaliações internacionais.
Perspectivas e desafios
De acordo com o boletim Focus do Banco Central, a previsão do mercado financeiro é de um superávit de US$ 75 bilhões em 2025, valor superior às estimativas do governo. As projeções indicam que a recuperação nas exportações é moderada, influenciada pela queda nos preços das commodities, que ainda representa um desafio para o comércio exterior brasileiro.
O resultado mais fraco em maio evidencia a dependência do país da valorização dos preços internacionais das commodities e mostra que, apesar do crescimento econômico, há desafios a serem enfrentados para equilibrar a balança comercial no cenário global.
Para mais detalhes, veja a publicação completa no site da Agência Brasil.