Brasil, 7 de junho de 2025
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Críticas ao aumento do IOF desafiam controle de capitais no Brasil

Medida do governo para elevar alíquotas do IOF enfrenta resistência do mercado financeiro e alerta sobre riscos à estabilidade econômica

O decreto do governo federal que elevou as alíquotas do Imposto de Operações Financeiras (IOF) gerou forte rejeição do mercado financeiro, devido às implicações na entrada e saída de recursos do Brasil. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, expressou preocupação de que a medida possa ser interpretada como controle do fluxo de capitais.

Controle de capitais e seus efeitos na economia brasileira

O controle de capitais, que regula a entrada e saída de recursos estrangeiros e nacionais, é uma ferramenta utilizada por países como a China para garantir a estabilidade da moeda e estimular políticas industriais. Conforme explica o economista Pedro Faria à Agência Brasil, essa estratégia permite direcionar melhor os investimentos e limitar operações especulativas de curtíssimo prazo, que não contribuem para o desenvolvimento do país.

“Normalmente, o controle é voltado para os fluxos mais especulativos, que entram ou saem do Brasil com objetivo de lucros rápidos, sem compromisso de longo prazo”, detalha Faria. Como exemplo, ele cita a decisão do governo anterior de eliminar a obrigatoriedade de exportadores manterem recursos no país, medida que favorece a desvalorização do real e pressiona a inflação.

Estabilidade da moeda e políticas monetárias

O professor Elias Jabbour, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ressalta que o controle de capitais é fundamental para evitar movimentos bruscos do dólar perante o real. Segundo ele, a medida ajuda a manter a estabilidade da moeda e a política monetária mais consistente. “Com maiores controles, o câmbio não varia tanto, o que gera expectativas mais sólidas para investidores”, afirma.

De acordo com a consultoria MoneYou, o Brasil ocupa a terceira colocação mundial em taxa de juros real, atrás apenas da Turquia e da Rússia. Os juros elevados, que são alvo de críticas por dificultarem investimentos, continuam a ser defendidos pelo Banco Central como estratégia de controle da inflação, principalmente em um cenário de guerra comercial e instabilidade global.

Rejeição do mercado financeiro e o impacto na política econômica

O mercado financeiro, que atua com gestão de fundos e investimentos que operam na bolsa de valores, é contrário à adoção de medidas que restrinjam o fluxo de capitais. Logo após o anúncio do aumento do IOF para fundos no exterior, o Ministério da Fazenda recuou diante das críticas e revisou a decisão, apresentando um novo entendimento sobre o tema.

Segundo o professor Elias Jabbour, esse segmenta se beneficia do livre fluxo de capitais, especialmente com a especulação cambial, que aumenta a volatilidade do dólar e distorce o mercado. “Há uma ideologia forte que defende o fluxo livre, mas isso muitas vezes impede o país de exercer uma política industrial mais robusta”, avalia.

Por sua vez, o economista Pedro Faria reforça que o uso do IOF como mecanismo de restrição é válido para conter fluxos especulativos de curtíssimo prazo, podendo gerar ganhos públicos relevantes. “É um instrumento que, se bem utilizado, ajuda a proteger a economia de movimentos de alta e baixa abruptos”, argumenta.

Perspectivas futuras e o debate sobre controle de capitais

Ao longo das últimas horas, lideranças do Congresso Nacional manifestaram-se contra as mudanças no IOF, estabelecendo prazos para o governo apresentar alternativas. Essa resistência pode refletir em cortes nos gastos sociais e na continuidade de políticas de incentivo ao crescimento sustentável.

Especialistas destacam ainda que o controle de capitais também pode ser uma estratégia para promover a industrialização do Brasil. Elias Jabbour explica que, ao vincular investimentos estrangeiros à produção de bens, o país consegue estimular sua transformação de uma economia baseada em commodities para uma matriz mais industrializada, reduzindo vulnerabilidades.

Enquanto o tema permanece no centro do debate econômico, fica evidente o dilema entre a liberdade de fluxo de capitais e a necessidade de políticas que garantam estabilidade, crescimento e desenvolvimento a longo prazo.

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