A Secretaria das Mulheres do Piauí (Sempi) recebeu nesta quinta-feira (5) uma visita muito significativa: alunos do curso de Engenharia de Software da faculdade iCEV. O encontro teve como objetivo discutir práticas de enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio, temas cruciais na sociedade atual. Durante a visita, os estudantes puderam conhecer de perto as instalações da secretaria e entender como é realizado o acolhimento às mulheres vítimas de violência.
A importância do diálogo sobre violência de gênero
A psicóloga do Centro de Referência Francisca Trindade, Josy Brito, comandou uma palestra que, segundo ela, foi fundamental para que um grupo composto exclusivamente por homens compreendesse a política da secretaria e os canais de atendimento disponíveis. “Achei muito legal o interesse deles em saber como funciona a política da secretaria e os canais de atendimento. São adolescentes que têm suas visões, mas que também têm interesse nessa pauta. É importante permitir que eles falem e desconstruir papéis que já estão cristalizados”, destacou Josy.
A mestre em Antropologia e professora da disciplina de Projeto de Extensão, Lilian Gabriela, também acompanhou os alunos na visita. Ela ressaltou que a interação com a Sempi busca materializar as informações que os alunos já vinha coletando a partir de referências bibliográficas. “Essa visita é importante para que eles consigam fazer um levantamento mais completo sobre a situação das mulheres vítimas de violência em Teresina. Meu objetivo é que essa experiência ajude na construção dos artigos que eles estão desenvolvendo e que gere uma conscientização maior entre os alunos, considerando que o curso é majoritariamente masculino”, explicou Lilian.
Reflexões e aprendizagens do encontro
Pedro Henrique Pinheiro, um dos alunos de Engenharia de Software, compartilhou a satisfação de participar deste diálogo tão importante. Ele enfatizou a relevância do acolhimento realizado pela Sempi. “Apesar de ser um tema tão crucial, eu nunca tinha a oportunidade de me aprofundar nesse assunto. O que ficou muito claro para mim é que essa ouvidoria vai muito além de um canal de registro de queixas; é um verdadeiro ponto de acolhimento, ajuda e orientação para as mulheres no nosso estado”, afirmou Pedro. Para ele, o encontro destacou a importância do apoio ativo e como isso pode impactar positivamente a vida das mulheres que buscam ajuda.
A palestra ministrada teve um papel vital em trazer clareza sobre a função do acolhimento como um espaço de escuta e empoderamento feminino. “Saio daqui mais consciente sobre a importância de ter um canal específico para a demanda das mulheres, um lugar onde elas possam ser ouvidas e receber ajuda”, finalizou o aluno, destacando a relevância da experiência para sua formação pessoal e profissional.
Caminhos para a conscientização nas profissões de tecnologia
A professora Lilian acredita que iniciativas como essa podem contribuir para a mudança de futuro da participação feminina nas áreas de tecnologia e engenharia. “O nosso curso de Engenharia de Software tem pouca participação feminina, e as meninas que já estão ingressando, muitas vezes, se sentem intimidadas. Este tipo de aproximação ajuda a criar um ambiente mais acolhedor, onde tanto os homens quanto as mulheres se sintam incentivados a compartilhar suas ideias e inovações”, afirmou.
Além de servir como um espaço de aprendizado, a visita trouxe reflexões sobre como o acolhimento e a política de combate à violência são essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária. “Não é apenas um esforço individual; é um esforço coletivo. Precisamos estar todos juntos na luta contra a violência”, concluiu Lilian, enfatizando que a educação e o engajamento são fundamentais para a construção de um futuro sem violência de gênero.
Essa experiência não apenas ampliou o horizonte dos alunos, mas também semeou uma nova consciência e responsabilidade em relação à questão da violência contra a mulher, preparando-os melhor para suas futuras trajetórias profissionais e pessoais no mundo da tecnologia.
O encontro reforça a importância de iniciativas educacionais que abordem questões sociais e promovam o respeito e a igualdade de gênero, mostrando que a transformação social começa com uma conversa aberta e informada.