O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, está exigindo uma postura clara do governo da Itália em relação à possível extradição da deputada brasileira Carla Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com cidadania italiana, Zambelli estaria tentando se refugiar na Itália para evitar a pena no Brasil. A solicitação de Bonelli vem após a formalização de um ofício enviado aos ministros italianos dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional.
A cobrança de Bonelli ao governo italiano
Em sua declaração, Bonelli enfatizou que não se pode permitir que a cidadania italiana seja utilizada como uma forma de escapar de condenações judiciais. “Apresentei uma pergunta urgente ao governo italiano para saber se ele pretende colaborar com o Brasil e com a Interpol, aplicando o tratado de cooperação judiciária entre os dois países em matéria de extradição”, declarou. O deputado destaca a importância de o governo italiano reafirmar seu compromisso com a justiça e a responsabilidade internacional.
Mais incisivo em seu pronunciamento, Bonelli alertou sobre os riscos de a Itália se tornar um “paraíso” para indivíduos condenados. “A Itália corre o risco de se tornar um paraíso para pessoas condenadas. Por isso, aguardamos uma resposta clara do governo sobre sua disposição de extraditar Carla Zambelli para o Brasil”, afirmou Bonelli, reforçando sua preocupação com a situação.
Tratado de extradição entre Brasil e Itália
No ofício enviado aos ministros, Bonelli fez referência a um tratado bilateral de extradição, estabelecido pela Lei nº 144/1991, que assegura a entrega de cidadãos condenados entre os dois países. Ele questiona quais medidas urgentes o governo italiano pretende adotar para garantir a efetividade do tratado, especialmente no que tange ao caso específico de Carla Zambelli. O deputado questiona as autoridades sobre como pretendem colaborar com a Interpol nesse processo.
Proposta de mudança na legislação italiana
Além de pedir a extradição de Zambelli, Bonelli propôs uma mudança mais ampla na legislação italiana, sugerindo a revogação da cidadania italiana para indivíduos condenados por crimes graves, incluindo tentativas de golpe, crimes contra a humanidade e atos de incitação à violência contra a ordem constitucional. Essa mudança legislativa visa evitar que indivíduos condenados possam utilizar a cidadania italiana como proteção para escapar das penas no seu país de origem.
Quem é Angelo Bonelli?
Angelo Bonelli, com 62 anos, é um político com uma trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e questões ambientais. Ex-vereador em Roma, Bonelli foi eleito em 2022 para a Câmara dos Deputados da Itália, onde representa a oposição. Em seus pronunciamentos, ele tem se posicionado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente após os ataques ocorridos em Brasília, donde alertou sobre a cidadania italiana sendo solicitada por Bolsonaro e seus filhos. “A Itália não pode se tornar refúgio de quem atenta contra a democracia”, enfatizou Bonelli na época.
A pressão sobre o governo de Giorgia Meloni
A postura de Bonelli aumenta a pressão sobre o governo da premiê Giorgia Meloni, que se identifica com a extrema direita e possui alinhamentos políticos com a ideologia bolsonarista. A expectativa é de que o governo italiano se posicione sobre a cooperação com o Brasil, especialmente no caso da extradição da deputada Carla Zambelli, uma questão que gera tensão e debate tanto na Itália quanto no Brasil.
O desenrolar desse caso deve ser acompanhado de perto, pois pode ter implicações significativas para a política italiana, além de refletir as complexas relações entre Brasil e Itália, especialmente em temas envolvendo cidadania, justiça e direitos humanos. A sociedade civil em ambos os países aguarda respostas e ações concretas das autoridades competentes.